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Pintura ingênua domina mostra em S.Bernardo
Por Everaldo Fioravante
Do Diário do Grande ABC
09/06/2001 | 00:50
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Começa neste sábado uma nova fase da exposição de 20 anos da Pinacoteca de São Bernardo, às 20h, no Espaço Henfil de Cultura, sede do museu. Intitulado Pintura Popular, o sétimo módulo (de um total de nove programados com peças do acervo) traz 72 trabalhos de 45 artistas, entre os quais o Grande ABC está representado por composições de gente como Nanete e Climério Cordeiro. Vernissage e visitação (até o dia 30) têm entrada franca.

A pintura enquadrada nessa mostra no gênero dito popular recebe ainda outros rótulos, como primitivista, ingênua ou naif. São trabalhos que retratam principalmente paisagens campestres e festas populares e religiosas. Em geral, os artistas primitivistas são autodidatas e trabalham suas temáticas com expressões simples mais caracterizadas pela sensibilidade criativa do que pelas técnicas artísticas.

Desta vez, a sala especial é de Waldomiro de Deus, expoente do gênero que apresenta 12 composições. No óleo sobre tela Flor Ensangüentada, de 1975 e em grande formato, uma curiosidade: o artista fixou um bilhete no verso da obra pedindo cuidado com ela e ressaltando que para sua elaboração foram gastos seis meses de trabalho. Waldomiro realizou no mês passado uma mostra individual com mais de 30 telas na galeria paulistana Jacques Ardies, especializada no gênero naïf.

A mostra em São Bernardo tem outros destaques: duas obras assinadas por José Antônio da Silva (1909-1996), considerado o maior pintor primitivista do Brasil. “Um dos quadros, em pequeno formato, simboliza um vaso de flores e foi adquirido em 1980, na inauguração da Pinacoteca”, fala o artista plástico João Delijaicov, idealizador e diretor do museu.

A história continua: “Na época, Silva ficou constrangido de termos comprado uma obra tão pequena que nos cedeu outra, que além de maior é um auto-retrato representativo de uma fase importante de sua carreira. Nesse trabalho, ele se despede formalmente da Bienal de São Paulo”, conta Delijaicov.

Silva participou das três primeiras edições da Bienal Internacional de São Paulo. Foi recusado na quarta. Voltou na sexta, sétima e oitava edições. Na nona também foi recusado. Só expôs novamente no evento tempos depois, e como convidado. As recusas da Bienal fizeram com que Silva criticasse a mostra. Nessa tela agora exposta, datada de 1987, ele dá adeus à Bienal, por meio de inscrições na obra.




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