No cronograma de um dia agitado, com show marcado para às 21h, o guitarrista brasileiro Kiko Loureiro tinha em sua agenda saída do hotel, preparação para o espetáculo, concentração, jantar, encontro com fãs e atendimento à imprensa. A apresentação em questão, muito importante, foi ao lado do veterano grupo alemão Scorpions, em Idaho, nos Estados Unidos. As duas bandas seguem juntas até dia 15. O artista de 45 anos, parte do quarteto norte-americano Megadeth, liderado pelo também guitarrista e cantor Dave Mustaine, como pode-se perceber, leva vida corrida e feliz, graças à dedicação de muitos anos com a música.

Kiko retorna ao Brasil no fim do mês para shows com o Megadeth, com quem fez sua estreia em São Paulo há cerca de um ano. O retorno ainda faz parte da turnê que divulga o disco Dystopia, primeiro da banda junto do brasileiro. O evento acontece dia 31, às 22h, no Espaço das Américas (Rua Tagipuru, 795). As entradas custam de R$ 180 a R$ 400 e podem ser compradas pelo site www.eventim.com.br. Em seguida a banda segue para o Rio de Janeiro, onde toca dia 1º de novembro.

Kiko está animado. Ele conta ao Diário que muita gente pergunta se ele fica nervoso ao tocar para plateias de 70 mil pessoas. Mas ele confessa que, às vezes, fica mais ansioso sabendo que terá os amigos no público do que um monte de gente desconhecida.

“Voltar para o Brasil é sempre fantástico”, diz Kiko, que hoje mora em Los Angeles, Estados Unidos. Ele garante que o repertório em São Paulo será diferente do apresentado em 2016. “O show está mais afiado do que nunca, pois estamos no fim da turnê, com 150 apresentações nas costas. Vamos entregar o maior espetáculo.”

Carioca radicado em São Paulo, o ex-guitarrista da banda brasileira Angra viveu bem perto da casa de shows onde irá se apresentar. Ele cresceu no bairro Perdizes e ia ao Parque da Água Branca com frequência. “É muito louco voltar para onde você cresceu, mas com o lance da turnê, que é basicamente uma vida à parte, uma bolha onde todo mundo tem certo esquema. Cada dia você está em um lugar, com a mesma comida, horário. E de repente você está do lado de casa, vivendo o que vive nos Estados Unidos”, reflete.

Kiko lembra de sua entrada no Megadeth, em 2015. O primeiro concerto foi no Canadá, para cerca de 70 mil pessoas, em evento aberto que teve Rolling Stones no dia anterior. “Era um festival, primeiro show, nem ensaiamos direito. Foi uma responsabilidade ali. Mas tenho esquema de treinar, minha forma de memorizar as coisas, de me preparar. É como você ir para Olimpíada, tem que ter treino”, diz.

Entre banda e família, o músico dedica parte de seu tempo aos fãs, postando nas redes sociais e site vídeos feitos durante as turnês, sobre suas experiências e desafios. Há também diversos cursos, como o Guitar Hacks (www.kikoloureiro.com), em que ele dá dicas aos guitarristas. Kiko também ministra o curso anual Music Business, em que ensina sobre direitos autorais, como cuidar da profissão e tudo que envolve a vida artística. “Conto sobre os vários erros da minha carreira e sobre acertos também. Inteligente é aquele que aprende com os próprios erros e com os dos outros”, afirma.

A entrada na banda mudou sua vida, apesar de já viver esse tipo de rotina no antigo grupo. Mas o que o transformou mesmo foi ser pai. “Entrar no Megadeth muda, mas é parecido com o que já fazia, só está em outro nível. Agora, ter um casal de gêmeos (ele já era pai de uma menina) é transformação de vida.”