Uma família foi mantida refém de traficantes por uma semana na favela Portinari, em Diadema. O local era utilizado por criminosos como ponto de venda de drogas. As vítimas - um casal de idosos e uma adolescente de 17 anos - eram obrigadas a permanecer na casa e executar atividades para os bandidos, como cozinhar e lavar roupas.

O SIG (Setor de Investigações Gerais), da Polícia Civil, estourou o cativeiro na quarta-feira. Três homens, sendo um menor de idade, foram presos em flagrante. Foram apreendidas 1.050 porções de cocaína e 300 de maconha, além de R$ 200 em espécie. O trio será indiciado por tráfico de entorpecentes e cárcere privado.

Há 31 anos na profissão, o delegado seccional Cosmo Stikovics Filho disse ter ficado surpreso com o modo de atuação. "Nunca vi nada igual. . E olha que trabalhei por oito anos no Denarc (Departamento de Narcóticos)."

Não foram encontradas armas na residência. "Acredito que outros integrantes da quadrilha ficavam na região armados, dando apoio aos de dentro", avalia Stikovics Filho. Na visão dele, os outros bandidos preferiram não entrar em combate ao verem o aparato policial.

Na fuga, os homens pularam pela janela, a uma altura de oito metros. Os três se feriram e acabaram presos. Todos tinham passagem por tráfico. A família refém não foi ferida.

VENDA DE DROGAS
Após invadirem o imóvel, os criminosos montaram, no último andar, um ponto de venda de drogas.

Para que os entorpecentes chegassem aos usuários, uma garrafa PET cortada ao meio foi amarrada em uma corda, que descia até a calçada com as substâncias. Para o pagamento, era feita a mesma operação, no sentido contrário, com o dinheiro no lugar das drogas.

Segundo o delegado, o local foi escolhido pelos criminosos devido às características favoráveis. "O imóvel é alto, o que possibilita ampla visão da rua. Além disso, a casa tem só uma entrada, o que dificulta a entrada da polícia." Esta foi a segunda casa da rua invadida pela quadrilha.