A Império da Vila Paula é a favorita para conquistar o bicampeonato do Carnaval deste ano em São Caetano. Com o tema legalização do jogo de azar, a escola levou na madrugada de domingo 311 passistas para a avenida Presidente Kennedy, no bairro Olímpico. Durante uma hora de desfile, a Império conquistou os 11 mil espectadores. Apesar de ser a quarta e última escola a desfilar, ao terminar a apresentação às 3h15, os gritos de é campeã já ecoavam na nova passarela do samba da cidade, que substituiu a avenida Goiás.

A escola apostou numa apresentação suntuosa, rica em adereços coloridos e grandes carros alegóricos. A comissão de frente formada por sambistas vestidos de Coringas (do filme Batman) se destacou na avenida, pela beleza do figurino e a coreografia sincronizada em que os passistas entravam e saíam de um esconderijo com cortina. As demais alas retratavam a variedade de jogos, como bingo e loteria, com figuras estilizadas de cartelas e números.

Apesar dos gritos animados da platéia, o presidente da agremiação, José Vicente da Silva, não quis cantar vitória antes da hora. “Nosso esforço foi para fazer um Carnaval bonito sem gastar além do orçamento (de R$ 35 mil subsidiados pela Prefeitura). Utilizamos muito material reciclável.”

Entre os passistas, o destaque ficou por conta de Nésia Bianchini, 81 anos, da ala das baianas. Com um fôlego de dar inveja a muito jovem, ao final da apresentação ela esbanjava sorrisos por ter cumprido seu papel sem falhas. “Comecei a desfilar há quatro anos. E vou continuar, enquanto tiver forças”, dizia.

Imigração – A União da Vila Prosperidade também apostou num desfile rico em fantasias coloridas para representar a importância da imigração no Brasil e também é forte concorrente ao título. Ao todo, 295 passistas desfilaram na Presidente Kennedy mostrando a contribuição dos orientais, franceses e espanhóis ao desenvolvimento do Brasil. A inovação podia ser conferida principalmente no figurino das espanholas, com seus vestidos brancos com bolas pretas e fitas de plástico, que substituíam o cetim, e nas baianas vestidas arrojadamente de dourado, com mesclas brancas, pretas e abóbora.

A desenvoltura do casal de mestre-sala e porta-bandeira Márcio Mendes Isac, 26 anos, e Patrícia Alves da Silva, 28, chamou a atenção do público. “Apesar de desfilar há 18 anos, ainda fico ansioso e sinto um frio na barriga. Nessa hora, a gente tem de ter humildade para fazer um trabalho com qualidade”, disse Isac, que pelo segundo ano desfila pela Vila Prosperidade. A presidente da escola, Cleusa Maria Araújo Martins, avaliou que ainda falta organização para a escola ter um desempenho melhor.

Dificuldades – A Tradição da Ponte, primeira escola a desfilar, homenageou o bairro do Ipiranga, em São Paulo, e teve um contratempo de última hora com a quebra do último carro-alegórico. O contratempo deve penalizar a escola em dez pontos. A garoa intensa serviu para prejudicar ainda mais a escola de samba. “Mesmo assim, ainda estamos batalhando pelo título”, disse confiante o presidente Rubens Bezerra da Silva, 47 anos. Ele aposta nas novidades que levou à avenida, como a comissão de frente com presença de dançarinas e a participação de crianças, para superar os imprevistos da noite. Dos 350 integrantes, 180 eram crianças.

A mais penalisada, porém, deve ser a Acadêmicos da Vila Gerty. A escola se apresentou com 158 componentes, bem abaixo do limite mínimo, de 250. A Acadêmicos saiu na avenida sem a ala das baianas e perdeu, de quebra, 15 pontos.