Política Titulo
Estadualizar Nardini pode favorecer saúde na região
Regiane Soares
Do Diário do Grande ABC
17/02/2005 | 13:51
Compartilhar notícia


O presidente da Fundação do ABC e membro do grupo de saúde do Consórcio Intermunicipal, Homero Nepomuceno Duarte, avalia que a estadualização do Hospital Nardini poderá ajudar na melhoria do planejamento regional de atendimento hospitalar. Se administrado em parceria com o Estado e com as prefeituras de Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, Nepomuceno acredita que o Nardini evitará uma sobrecarga na demanda dos hospitais estaduais Mário Covas, em Santo André, e Serraria, em Diadema. Além disso, aliviará financeiramente a Prefeitura de Mauá, que hoje mantém com recursos próprios o hospital que recebe pacientes de cidades vizinhas.

Para Nepomuceno, o problema do Hospital Nardini não é de gestão, mas financeiro. Com a experiência de quem já foi secretário de Saúde de Santo André, acredita que a Prefeitura de Mauá não tem mais dinheiro para colocar na instituição. “Se tivesse, conseguiria administrar bem”, garante. “Um hospital do tamanho do Nardini, com a complexidade médica que possui, uma prefeitura sozinha, com tantos problemas como a de Mauá, não tem condições de gerir. Se for estadualizado, obviamente será vantagem para a cidade, mas também será possível fazer um planejamento regional de atendimento.”

Apesar de reconhecer a dificuldade financeira de Mauá e a complexidade do hospital, Homero Nepomuceno Duarte questiona a intenção do prefeito Diniz Lopes de remanejar os recursos que hoje são destinados ao Nardini para investir em Unidades de Saúde do município. O presidente da Fundação do ABC entende que esse tipo de transferência não pode ser feita porque a verba que vem do governo federal é carimbada para o atendimento básico. “Os recursos são exclusivos para a área hospitalar, e não podem ser colocados em postos de saúde. Tem de respeitar a destinação do dinheiro”, explica.

O Hospital Nardini opera com metade da capacidade dos seus 220 leitos, e custa mensalmente à Prefeitura de Mauá R$ 38 milhões. A unidade foi inaugurada em 1986 e municipalizada em novembro de 1990, quando o então prefeito Amaury Fioravante recebeu o hospital do Estado. O objetivo era tentar sanear as deficiências da unidade, que estava sucateada, com deficiência de funcionários.

Hoje a situação não é diferente. O presidente da Fundação do ABC diz que o Hospital Nardini continua com problemas, principalmente nos equipamentos, nas instalações elétricas e hidráulicas e que necessita de reforma avaliada em R$ 3 milhões.

Proposta – O prefeito Diniz Lopes decidiu apresentar a proposta de estadualização ao Consórcio Intermunicipal do Grande ABC depois de detectar que o atendimento no hospital de Mauá abrange outras cidades da região, principalmente Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra. Apesar de não haver levantamento preciso sobre a origem dos pacientes, acredita-se que aproximadamente 30% do atendimento sejam de pessoas de fora de Mauá, ou 400 das 1,2 mil consultas diárias.

O presidente do Consórcio e prefeito de São Bernardo, William Dib (PSB), recebeu a proposta de Diniz Lopes e se dispôs a estudar o assunto com os secretários municipais de Saúde da região antes de se reunir com o secretário Estadual de Saúde, Luiz Roberto Barradas Barata. William Dib e os demais prefeitos acataram a idéia, principalmente pelo alto custo à Prefeitura de Mauá. O grupo de saúde do Consórcio também deverá fazer diagnóstico sobre a situação do Hospital Nardini.

Mas o projeto de Diniz Lopes de estadualizar o Hospital Nardini não é o único. O ex-prefeito Oswaldo Dias (PT) já havia apresentado proposta semelhante, onde o Estado e as prefeituras de Mauá, Ribeirão e Rio Grande entrariam como parceiras na gestão do hospital. O objetivo era dividir as despesas entre os municípios proporcionalmente ao uso de pacientes de cada cidade. Já o governo do Estado entraria com dinheiro para ampliar o atendimento para 220 leitos e fazer a reforma das instalações. “Essa é uma reivindicação antiga”, afirma Nepomuceno.

A proposta do petista foi discutida no Consórcio e apresentada ao governo do Estado. “Mas nunca saiu do papel”, conta Nepomuceno. A justificativa anterior do doverno do Estado para não aceitar a proposta era primeiro concluir o atendimento nos hospitais Serraria e Mário Covas para depois discutir a questão de Mauá.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;