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Artistas de hip hop de Diadema se apresentam em Berlim
Por Daniel Gutierrez
Especial para o Diário
24/05/2006 | 07:50
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O movimento hip hop de Diadema representará o Brasil na Copa das Culturas, em Berlim, na Alemanha. O evento reunirá diversas manifestações culturais dos países participantes da Copa do Mundo. Nelson Triunfo, um dos precursores da cultura de rua no Brasil, e Zóio, Guinho e MC Joul, oriundos da Casa do Hip Hop de Diadema, levarão a arte urbana da periferia ao país do Mundial. Eles embarcam nesta quinta-feira e voltam no próximo domingo, dia 28. A Casa de Hip Hop de Diadema há 13 anos forma artistas na periferia, sempre pautada por noções de cidadania.

Influências – A Copa das Culturas teve início em janeiro deste ano e atingirá o ápice durante a realização do grande evento futebolístico mundial. A apresentação dos artistas de Diadema, batizada de Nelson Triunfo, será realizada no próximo sábado, na Casa das Culturas do Mundo, em Berlim. O quarteto mostrará as influências do hip hop brasileiro como forró, baião, repente, black music e embolada. Uma apresentação extra, ainda não confirmada, poderá ocupar uma das praças da cidade.

Convidado pelo Ministério da Cultura, Triunfo escolheu os três jovens para mostrar os quatro elementos formadores do hip hop: grafite, letras, dança e música. Eles são oficineiros que trabalham na Casa de Cultura de Diadema e em atividades paralelas no Grande ABC e em São Paulo. “Se eu viajasse sozinho não estaria mostrando a verdade do meu trabalho”, explica Triunfo, se referindo ao convite que fez aos rapazes para participar do evento. Sobre o motivo de ter chamado os dançarinos Zóio e Guinho e o MC (Mestre de Cerimônias) Joul, Triunfo é enfático: “Escolhi os três pelos profissionais que eles são”.

Segundo o mestre, Guinho é um dos principais dançarinos do estilo de força e movimentos acrobáticos, além de dançar os originais do funk, a base setentista do movimento hip hop; Zóio, segundo Triunfo, “é um dançarino que responde por três, ou seja, dança locking, poping e b-boy. É um artista completo”.

Quanto a Joul, Nelson explica que ele está desde os 13 anos na Casa de Cultura de Diadema e fez uma carreira dentro do hip hop. “Ele nunca foi muito bem na escola e, usando o hip hop, traz aos alunos o tipo de educação que gostaria de ter visto no colégio”, afirma Triunfo, tocando no ponto chave para a inclusão de jovens da periferia: a educação.

Não é a primeira vez que o trabalho de hip hop de Diadema atravessa o Oceano Atlântico, mas essa certamente será a apresentação de maior público. O movimento tem no currículo presenças na França, Espanha e Portugal. Além do hip hop da região, a Copa das Culturas contará com a música do ministro Gilberto Gil, do grupo Nação Zumbi e apresentações de samba de roda, entre outros.

Inclusão – MC Joul, 27 anos, começou no movimento ainda criança. Ensaiava a dança break num espaço cedido pelo dono de uma doçaria no bairro Serraria, em Diadema, em 1993. Hoje, ele ministra oficinas em diversos pontos da capital paulista e tem um grupo chamado Matéria Rima que incentiva a leitura e a pesquisa pelo rap. “A gente pega as disciplinas escolares e transforma em rap”, afirma o professor. História, química ou geografia se tornam letras de música, feitas pelos alunos.

Zóio, 26 anos, cuida de um projeto de oficinas nas unidades da Febem de São Paulo e começou no hip hop pela capoeira, em 1992. Sua ginga impressionou os b-boys que ele conheceu em Osasco e, a partir de 1996, começou a dançar fazendo parte do movimento em Diadema.

Futuro – “É uma cultura muito boa”. Assim, Everton Gonsalves, 10 anos, define o hip hop. Ele participa das oficinas em Diadema e acredita que um dia estará no lugar de seus mestres. Assim como ele, muitas crianças já estão seguindo os passos do veterano Triunfo e dos jovens professores. (Supervisão de Melina Dias)



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