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Explosão no Barão há cinco anos muda a vida de duas famílias
Rodrigo Cipriano
Do Diário do Grande ABC
20/04/2005 | 13:10
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Há exatos cinco anos, o empresário Geraldo Júlio Riviello, na época com 37 anos, e seu ajudante, Marcus Vinicius Lazari Ferreira, que tinha 20, foram gravemente feridos numa explosão em um dos poços de bombas d‘água do Residencial Barão de Mauá. Geraldo teve 90% do corpo queimado e morreu no hospital quatro dias depois do acidente. Marcus ficou com 25% do corpo queimado e carrega as cicatrizes do acidente nos braços e rosto. Desde que saiu do hospital, passou por 10 cirurgias.

Geraldo e Marcus trabalhavam em um poço na troca de uma das duas bombas que levava água aos moradores do condomínio. O poço não tinha iluminação e Geraldo resolveu acender um fósforo. Neste momento, o poço explodiu. Ninguém sabia, mas a uma profundidade de quatro a 11 metros no local havia metano. Substância altamente inflamável.

O incidente foi o estopim para uma longa batalha judicial sobre a contaminação no subsolo do conjunto de 56 prédios, onde hoje vivem cerca de cinco mil pesssoas. Com a explosão, muitos segredos foram revelados. Um ano depois, descobriu-se que parte do terreno sobre o qual o condomínio foi erguido era usado como aterro orgânico e industrial. A decomposição do lixo acumulado tornou-se fonte de formação de 44 tipos de gases. A lista inclui substâncias altamente tóxicas, como o benzeno que, se exposto, pode propiciar o desenvolvimento de doenças como câncer.

Após meia década, Marcus ainda luta para ter uma vida normal. Passou por cirurgias estéticas, como as que remontaram sua boca e orelhas, e outras motoras. As queimaduras comprometeram movimentos de mãos e braços do rapaz. Na próxima segunda-feira, Marcus volta à sala de cirurgia com o objetivo de aumentar a flexibilidade do dedo mindinho. Depois do acidente, mudou de profissão. Hoje é desenhista, mas não consegue um trabalho na área. “Como ainda estou em tratamento, ninguém quer contratar um funcionário que às vezes tem que faltar no trabalho.”

Na família de Geraldo, a situação é mais triste. “Nosso padrão de vida caiu 70%. Vários clientes deixaram de procurar nossa empresa (revenda de máquinas)”, afirma Maria Francesca Riviello, mulher de Geraldo. Ela e os dois filhos do casal, hoje com 15 e 8 anos, dependem da ajuda da mãe de Maria Francesca, com quem moram, e do irmão dela, que arca com parte das despesas.

Há cerca de três anos, tramita na Justiça pedido de indenização por danos para a vítima que sobreviveu e a família do homem morto. Como réus, figuram a Paulicoop – que vendeu os apartamentos na época – e as construtoras SQG e Soma, responsáveis pela obra. Procuradas pela reportagem, apenas a Soma se pronunciou, por meio do advogado Walfrido Jorge Warde, que considera a explosão um caso “atípico”. Caso vença o processo, a família de Geraldo terá direito a uma indenização de R$ 1,5 milhão. Marcus prefere manter o valor de sua ação em sigilo.



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