A greve de 1979 que os metalúrgicos do Grande ABC deflagraram alastrou-se pelo Interior afora, mas rapidamente houve acordos e a volta ao trabalho. Menos no Grande ABC. Com uma semana de greve, a pressão veio de Brasília e da Secretaria da Segurança Pública de São Paulo. E a greve geral partiu para a sua segunda semana.

Dizia-se: era uma coisa nova para trabalhadores e patrões. A greve era uma utopia. Necessário se fazia encontrar uma nova linguagem. Lula, Marcilio e João Lins nos sindicatos, Theobaldo Di Nigris na Federação das Indústrias. O tempo era de ditadura militar em processo de abertura lenta, quase gradual. Era preciso se adequar ao cenário que se formava. Quem faria isso melhor: o empresário? O trabalhador?

Começa a ser pronunciada uma nova palavra: fundo de greve. A internet era algo distante. Por outros meios, a solidariedade vinha de todas as partes. Mulheres organizavam um comitê de apoio para preservar o moral do marido de braços cruzados longe da máquina produtora. Lula sugeria: não aceitem provocações, é melhor buscar mistura na represa.

QUINTO DIA: 16 DE MARÇO
O ministro do Trabalho, Murilo Macedo, ordena sindicância para apurar os responsáveis pela greve. Lideranças sindicais pedem aos trabalhadores que mantenham sua posição. Estuda-se a formação do Fundo de Greve.

SEXTO DIA: 17 DE MARÇO
Secretaria da Segurança acusa infiltração de socialistas. Lula diz na Vila Euclides que o responsável pela greve é o estômago do trabalhador. Diário amplia em 15 mil a tiragem diária. Jornais e revistas de São Paulo procuram o Diário para a aquisição de fotos.

EDITORIAL
Impasses da greve são de vários matizes.

SÉTIMO DIA: 18 DE MARÇO
Começam os piquetes volantes: grevistas sobem nos ônibus das empresas e convencem mais trabalhadores a aderirem ao movimento. Mulheres criam comitê de apoio. Moções de apoio chegam de todas as partes. Sindicalistas são convocados pela DRT. É domingo à noite.

OITAVO DIA: 19 DE MARÇO
Sindicalistas e empresários reúnem-se num hotel de São Paulo. Era para ser uma reunião secreta. A imprensa descobre. E a greve continua. Trinta e um sindicatos de metalúrgicos do Interior fecham acordo. O Grande ABC resiste. Perguntava-se: até quando?

EDITORIAL
Momentos decisivos cercam a greve.

ALMANAQUE
Ivete Garcia
Nascimento: Santo André, 16 de março de 1962.
Vereadora: 1997 a 2004.
Vice-prefeita: 2005 a 2008.
Partido: PT.

Presidenta da Câmara Municipal no biênio 2003-04. Primeira prefeita em exercício em Santo André. Entre as ações na Câmara, promoveu vários seminários: O Papel das Câmaras Municipais no Desenvolvimento Local; Olhar Feminino Sobre a Cidade.
Fonte: Almanaque de Vereadores, CMSA, 2008, 2ª ed.

DIÁRIO HÁ 30 ANOS
Sexta-feira, 16 de março de 1979

Primeira Página - Figueiredo assume a Presidência e promete serenidade; metalúrgicos preveem vitória; EC Bahia joga em São Caetano e perde para o Saad por 1 a 0.

EM 16 DE MARÇO DE...
1929 - São Paulo vive a greve geral dos gráficos, que durou três meses.

SANTOS DO DIA
Antonio Daniel, Carlos Garnier, Ciriaco (padroeiro dos cozinheiros) e Taciano.