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Má surpresa ou insensatez?!
Por Felipe Antunes Chaves e Marçal Rogério Rizzo
25/01/2011 | 07:24
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Brasil, além de ser considerado o País do futebol e do Carnaval, pode ser lembrado também como o País das surpresas indesejáveis, pois, como de costume, o grupo político brasileiro realiza procedimentos por ‘debaixo do pano', ou seja, à surdina, sem que haja tempo de reação da opinião pública.

Isso é vivenciado hodiernamente, como se pode averiguar nos constantes aumentos de tributos às vésperas da virada do ano. Entretanto, algumas situações persistem e acabam por espantar a todos em meio ao clima de boas festas. Exemplo disso é o recente aumento dos salários dos parlamentares brasileiros que, por sinal, está fora da realidade vivenciada no País. Assim, por meio de votação simbólica, foram necessários apenas 20 minutos na Câmara e dois minutos no Senado para a aprovação do projeto de lei que aumentou os salários dos congressistas em 61,8% e em 148,6% os subsídios do presidente de República, vice-presidente e dos ministros de Estado. Os que foram agraciados com tal medida passam a receber R$ 26,7 mil mensais, ou seja, o teto máximo do funcionalismo público a partir de janeiro de 2011. Já para os congressistas, há ainda as chamadas verbas indenizatórias que somadas ultrapassam R$ 100 mil. Logo, o reajuste concedido representa ganho real de 35% em relação à inflação acumulada desde o último reajuste ocorrido em 2007. Nenhuma outra categoria profissional conseguiu tal façanha.

Enquanto isso, aos que ganham salário-mínimo foi prometido reajuste de 5,8%, ou seja, ganho real de mísero 0,01% na renda do trabalhador em comparação com a inflação acumulada no ano de 2010 (5,79%, IPCA-15). Para se ter ideia, aumento real de 35% representaria para o trabalhador salário-mínimo de R$ 718,02, muito mais que os R$ 540 previstos na Lei Orçamentária de 2011.

Assim, entra ano, sai ano e o brasileiro é surpreendido pela insensatez daqueles que foram eleitos para representá-los, para fazer valer a vontade do povo. Infelizmente a maioria permanece inerte, preferindo não se manifestar e, dessa maneira, a farra com dinheiro público continua e só resta aos cidadãos rezarem e pedirem a Deus que os abençoe livrando-os de todo mal e que tenha piedade dos representantes, pelos ‘pecados' e injustiças que cometem com o sofrido povo que habita o Brasil.

 

Felipe Antunes Chaves é acadêmico do curso de Direito da UFMS. Marçal Rogério Rizzo é economista, professor da UFMS, mestre em Economia e doutor em Geografia




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