Memória Titulo
A São Bernardo que fazia carvão e mexia com madeira

João Setti, em entrevista gravada à Sala São Bernardo, da Divisão de Bibliotecas da Prefeitura

Ademir Medici
Do Diário do Grande ABC
16/09/2010 | 00:00
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"Iniciei meu trabalho com 10, 11 anos, transportando com uma carruagem (tílburi), pertencente ao meu pai, passageiros para Santo André. Isso em 1908."

João Setti, em entrevista gravada à Sala São Bernardo, da Divisão de Bibliotecas da Prefeitura, com reprodução no Álbum Memória de São Bernardo, editado pela Prefeitura em 1981, no governo Tito Costa.

* * *

São Bernardo possuía 193 empresas em 1910. Elas pagavam um imposto chamado Indústrias e Profissões, diretamente à Prefeitura. Cada negócio equivalia a uma firma. Exemplo: Samuel Sabatini tinha dois negócios: armazém de secos e molhados que também vendia louças e ferragens; e um depósito de ferragens.

Aquelas 193 empresas se dividiam entre o eixo da Rua Marechal Deodoro, no Centro, e em bairros denominados linhas: Linha Galvão Bueno (hoje bairros Demarchi e Batistini), Linha São Bernardo Novo (hoje bairros Ferrazópolis e Montanhão), Linha Jurubatuba (hoje bairro Assunção), Linha Rio Grande (hoje distrito de Riacho Grande), Linha Meninos (hoje bairro Rudge Ramos), Linha Rio Acima e Linha Capivari.

Também possuíam recolhedores de impostos de Indústrias e Profissões famílias que residiam nos povoados do Alvarenga, Ponto Alto e Fazenda Velha.

Três outros povoados de São Bernardo faziam parte do atual território de Diadema: Piraporinha, Pasto da Tapera e Mato da Capela.

Eram empresas familiares, mesmo as quatro indústrias registradas: fábrica de cerveja e licores de Gustavo Rathsan, fábrica de cadeiras de João Basso, fábrica de charutos de Ítalo Setti, fábrica de cerveja e licores de Carlos Prugner & Filho.

O comércio era bem desenvolvido, dividindo-se entre armazéns de secos e molhados (como o de Hermínio Gerbelli), oficinas (como a de carpinteiro de Ângelo Miele), açougues (a exemplo do que era mantido por José Anibal Colleoni), fazendas e armarinhos (como a de Said Bechara).

Muitos fabricantes de carvão, inclusive no Centro: Barlame Copede, Francisco Adamo, Carlos Tosi, Pedro Picoli.

Criadores de vacas leiteiras: Baptista Corradi, Tereza Tolotti, Pascoal Gotardo.

Moinhos de fubá: Luiz Cerchiari, João Suster, Ângelo Borali, Alexandre Arsuffi.

Engenhos de serra: Arsuffi & Delegá, João D'Dangelo & Caputo, Pedro Jorge.

Havia uma única empresa funerária, pertencente à Antonio Correia de Andrade.

Entre os profissionais liberais, a parteira Thereza Fantinati, os empreiteiros de obras Modolin, o cartório de Manoel Eduardo de Almeida, conhecido pelo apelido de Maneco do Padre.

São todos nomes com descendentes até hoje no Grande ABC. Mas nenhum cujas gerações seguintes, um século depois, tivesse seguidores nos mesmos negócios. A família Setti já se dedicava ao transporte de passageiros, mas não aparece nas listas de firmas de então. De qualquer modo, graças ao depoimento prestado por João Setti, pode-se dizer que neste 2010 a cidade tem, sim, uma empresa centenária.

Crônica de São Bernardo
Texto: Benjamin Versolato
No nosso beco (Travessa Marechal Deodoro) moravam famílias tradicionais: Pessotti, Marotti, Coppini, Sposaro. Ali morava Pensier Ronchetti, proprietário de uma tecelagem que ficava no fim do beco. Havia uma segunda tecelagem, de Osvaldo Pelosini. Pensier Ronchetti era irmão de Peri Ronchetti, hoje nome da avenida aberta ao longo do Córrego Saracantan, onde fica o primeiro sacolão de São Bernardo.

DIÁRIO HÁ 30 ANOS
Terça-feira, 16 de setembro de 1980

Manchete - OPEP não aumenta o petróleo até dezembro

EM 16 DE SETEMBRO DE...

1920 - Gabinete de Investigações e Capturas de São Paulo pede ao delegado de polícia de São Bernardo que determine a prisão de Florentino de Carvalho. O acusado era considerado "perigoso anarquista, propenso ao fabrico de bombas e máquinas infernais".

1965 - Fundada a Embratel (Empresa Brasileira de Comunicações).

1970 - Desmoronamento de pedras e terra interdita a Via Anchieta no km 44, pista ascendente. Considerado o maior acidente do gênero desde a abertura da via, em 1947.
- Ministro dos Transportes, Mário Andreazza, inspeciona obras do trecho 2 da Rodovia dos Imigrantes, onde se construía uma ponte de 1.500 metros sobre o Rio Grande.

Trabalhadores
Nasce em 16 de setembro:

1894 - Paulo Pereira dos Santos, nascido em Jacareí (SP) e sócio nº 49 do Sindicato dos Químicos do ABC. Carpinteiro da Rhodia. Residia à Rua Lituânia, 8.

Fonte: 1º livro geral de registro dos associados do Sindicato dos Químicos do ABC

MUNICÍPIO PAULISTA

Paranapuã, elevada a município em 1964, quando se separa de Dolcinópolis, região de Jales.

SANTOS DO DIA

Cornélio, Cipriano, Edite e Eufemia.

Na estampa, São Cipriano, que juntamente com São Cornélio foram martirizados durante a perseguição de Galiano, em 252 e 258, respectivamente.
Crédito da estampa: acervo Vangelista Bazani (Gili) e João de Deus Martinez.

Falecimentos

MARIA VARAGO MORGAN
(São José do Rio Pardo, SP, 20-9-1918 - Santo André 21-8-2010)
AVELINO MORGAN
(Espírito Santo do Pinhal, SP, 4-10-1911 - Santo André 9-6-1982)

O clima campestre de Santo André, com muita mata, trouxe a família Morgan à cidade. Era 1949. O casal Maria Varago e Avelino Morgan vivia na Mooca, em São Paulo. Avelino, de profissão barbeiro, sofria com a bronquite. E o médico recomendou: mude para uma cidade de clima melhor. E a família veio para Santo André, e para mais uma gleba em formação do Parque das Nações. Foi ótimo. Avelino Morgan sarou da bronquite.

Era uma outra Santo André. Avelino Morgan montou um salão de barbeiro na Rua Alemanha. Mas o bairro, de população reduzida, oferecia poucos clientes. De tal ordem que a mulher Maria precisava trabalhar para ajudar no orçamento familiar. E ela trabalhava na limpeza de casas de conhecidos em São Paulo e costurava para o Exército, recebendo encomendas para confecção de fardas dos militares.
"Ela tinha uma memória muito boa, perfeita da cabeça até o fim. Gostava de fazer coisas caseiras. Era uma exímia cozinheira e muito boa em trabalhos manuais, como a confecção de flores", narra o filho Helio Morgan.

Sr. Avelino partiu aos 70 anos; dona Maria aos 91. Deixam os filhos Helio e Elza, quatro netos, quatro bisnetos e o primeiro tataraneto. Estão sepultados no Cemitério de Vila Pires. AM

SÃO BERNARDO
Sonia Munhoz Martins, 62. Natural de São Caetano. Dia 10. Cemitério dos Casa.
Maria de Lourdes Bispo, 60. Natural de Cerqueira César (SP). Dia 14. Cemitério de Vila Euclides.
Margarida de Faria Santos, 61. Natural de Santa Rita do Sapucaí (MG). Dia 12. Cemitério do Baeta.
Levi Alves Barreto, 56. Natural de Pernambuco. Dia 10. Cemitério dos Casa.
Edvaldo Cerqueira, 56. Natural de Ruy Barbosa (BA). Dia 13. Cemitério dos Casa.
João Correia de Oliveira, 50. Natural de Fovernador Valadares (MG). Dia 10. Cemitério dos Casa.
Manoel Teles de Souza, 48. Natural de Casa Nova (BA). Dia 10. Cemitério de Mogi das Cruzes.

SÃO CAETANO
Cemitério da Cerâmica
José Giunta, 92. Dia 3.
Ivone Moro, 68. Dia 11
Vilma Botgnolo Bonfante, 59. Dia 3.
João Alexandre Cabral, 50. Dia 3.




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