Cultura & Lazer Titulo São Caetano
50 anos e muitos problemas

Fundação das Artes chega ao seu cinquentenário com várias questões a serem resolvidas

Por Vinícius Castelli
22/04/2018 | 07:00
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 Uma das mais importantes escolas de formação artística do País, a Fundação das Artes de São Caetano celebra de amanhã até sexta-feira seu cinquentenário com farta agenda e com direito até a concerto especial, na quarta-feira, às 19h, na Sala São Paulo, na Capital. No entanto, apesar de ser época para celebrar seu meio século de vida, a instituição, que atende hoje em dia cerca de 1.500 alunos nas escolas de Artes Visuais, Dança, Música e Teatro, vive problemas a serem resolvidos.

Dirigida por Ana Paula Demambro e mantida por meio de mensalidades, da arrecadação dos teatros da cidade e também repasse da Prefeitura, a Fundação tem deixado os professores indignados. Eles reclamam de defasagem salarial. Recebem R$ 11,85 por hora-aula. Um professor da escola de música, que pediu para não ter seu nome identificado, por medo de represálias, disse ao Diário que a defasagem salarial, no ponto em que está, “passou de ser indecente”. Segundo ele, há quem receba cerca de R$ 50 por hora-aula na Capital pela mesma função.

Um outro professor da escola de música da Fundação, que também pediu para não ter seu nome identificado na reportagem, disse ao Diário que, além do problema salarial, há muito mais a ser resolvido. “Não temos plano de carreira. Os instrumentos estão deteriorados. Temos piano sem condição de ser usado em aula e fagote desmanchando no almoxarifado”, denuncia. “O que funciona é porque professor ou funcionário arrumou”. Ele reclama também da defasagem salarial.

Entre outras questões está a falta de cuidado com o Teatro Timochenco Wehbi, situado no próprio local, que estava sofrendo com infiltração de água e, recentemente, teve de ter até uma de suas agendas remarcadas por conta disso. Um dos professores entrevistados diz que o espaço não oferece a menor condição quando se trata de som, acústica e iluminação. “A diferença entre o espaço da Fundação e o Teatro Paulo Machado de Carvalho – que passa por vários problemas – é que o da escola tem atividade todos os dias.”

Um rapaz que é aluno de Teatro da Fundação há dois anos e que também pediu para não revelar seu nome, diz que o espaço necessita de cuidados. Camarins e banheiros precisam de atenção. O estudante reclama ainda da mudança nas bolsas de estudo. “Agora temos de pagar a primeira mensalidade do semestre antes de saber se teremos bolsa ou não. Dei um jeito de pagar, mas e quem não pôde?”, questiona. O Diário esteve na instituição no dia 3 e constatou problemas em banheiros. Há descarga sem funcionamento. Portas do local encontram-se sem cuidado, descascadas e tem corrimão com falta de pintura. Algumas luzes das escadarias também estavam sem funcionamento na ocasião.

RESPOSTA
Procurada pelo Diário, a diretora da Fundação das Artes, Ana Paula Demambro, disse que “os professores da Fundação recebem o mesmo valor de hora-aula da rede municipal. Todos os pleitos estão sendo analisados, pois as remunerações do corpo docente da Fundação das Artes seguem a legislação municipal. Vale ressaltar que esta direção não poupará esforços para equalização salarial”.

Segundo Ana Paula, a direção da Fundação das Artes mantém diálogo frequente com os professores referente a todas as demandas, dentre elas a valorização profissional. “Desde meados de setembro de 2017, a pedido desta direção, estão sob estudos dos departamentos de RH e jurídico da Prefeitura as possibilidades de melhorias salariais de acordo com as leis vigentes. Com reuniões frequentes vem sendo construído um processo amplamente participativo com a classe docente. Vale destacar que esta direção não tem medido esforços para melhorias salariais, tendo inclusive alcançado êxito no que se refere à inclusão de todos os professores desta instituição na Lei do Abono, em 2017.”

Ana Paula explica, ainda, sobre o Teatro da Fundação, que, “após alguns anos com problemas de goteiras, esta direção buscou solução junto à Secretaria de Obras. Para tanto, foi indicada a troca da manta do telhado, medida emergencial, que durante sua execução houve coincidência com dias de chuva”. Sobre o que é prioridade em se resolver, entre reforma ou a situação dos professores, a diretora diz que são agendas distintas e ambas estão sendo tratadas com a devida prioridade.

NÃO É SÓ ISSO
O problema da Cultura em São Caetano, Pasta gerida pelo secretário João Manoel da Costa Neto (PSDB), se arrasta há tempos. O Teatro Paulo Machado Paulo Machado vive completo descaso, com infiltração de água, piso do palco em mau estado, problemas no som e iluminação, entre outras coisas.

O clima ferveu na cidade com a classe artística e o Conselho Municipal de Cultura quando o secretário faltou à 4ª Conferência Municipal de Cultura, dia 17 de março. Há informações de que ele estava em um cruzeiro. Quando teve oportunidade, não explicou a razão de sua ausência.

Além do Paulo Machado, a Estação Jovem também foi visitada pelo Diário e encontra-se em estado lastimável, sem oficinas e com banheiros em péssimas condições, entre outras coisas. Recentemente, os artistas de São Caetano leram carta durante prestação de contas de Cultura que diz que João Manoel não os representa. Eles aguardam reunião com o prefeito José Auricchio Júnior (PSDB) para debater a situação.




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