Há 20 anos, Nesbo trabalhava na produção do primeiro grande caso de Harry Hole, "O Morcego", pensando mais na história do que no próprio personagem. Porém, ao chegar a solo australiano, pôde visualizar as características do detetive norueguês, uma combinação entre ex-treinador de um clube do futebol local e ninguém mais e ninguém menos que o Batman, super-herói da DC Comics. "À época, estava lendo as histórias de Frank Miller (autor de histórias em quadrinhos) e fui inspirado pelo Batman, porque de um lado ele é defensor da lei e do que é justo, mas do outro é um vingador sem nenhuma misericórdia", conta, sem esquecer que Harry e o protetor de Gotham City têm em comum a sede por vingança causada por motivos pessoais.
Harry Hole é considerado um personagem de contradições para Nesbo. Por um lado, uma pessoa muito emocional com relação ao trabalho e às mulheres. Ao mesmo tempo, um homem frio e com ótimo senso de observação. "Ele é romântico, cínico e tem o dom para pegar assassinos, mas odeia seu trabalho de muitas maneiras", revela o autor. Como consequência de suas contradições, os leitores muitas vezes não sabem o próximo passo de Harry, principalmente quando Nesbo o expõe a dilemas que o forçam a tomar alguma decisão.
Em "Boneco de Neve", o sétimo volume da série de Harry Hole, o detetive e sua nova parceira de trabalho, Katrine Bratt, perseguem um serial killer responsável pelas mortes de várias mulheres em Oslo. Para Nesbo, o que difere esse livro dos primeiros é que agora pessoas próximas a Harry são fundamentais na história. "Antes, ele era como um fotógrafo, atrás da câmera, por meio da qual podíamos ver o caso. Depois, se tornou o centro das atenções, se colocou na frente da câmera e em Boneco de Neve é tudo pessoal".
Jo Nesbo afirma que o título surgiu quando tentava encontrar o nome para um filme de terror produzido por um amigo. Segundo o escritor, a intenção era evocar memórias felizes da infância, já que a ideia de que a vida é uma soma de caos e eventos sem significado é frustrante. "Nós criamos rituais, tradições, porque procuramos uma ordem ilusória e gosto do fato de o assassino ter a mesma necessidade", lembrando ainda que o serial killer de "Boneco de Neve" sempre avisa quem são suas vítimas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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