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Carecas do ABC serão julgados nesta segunda
Por Samir Siviero
Do Diário do Grande ABC
24/02/2002 | 19:22
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  Regina Saran, de Santo André, e Roberto Fernando Gros Dias, de São Paulo, serão julgados nesta segunda-feira pelo assassinato do adestrador de cães Edson Néris da Silva, espancado até a morte pelo grupo Carecas do ABC na praça da República, em São Paulo, na madrugada de 6 de fevereiro de 2000. O julgamento será realizado no 1º Tribunal do Júri, na Barra Funda, na capital.

Os dois são acusados de homicídio triplamente qualificado pela morte do adestrador, formação de quadrilha armada e tentativa de homicídio contra o namorado de Silva, o digitador Dario Pereira Netto.

Os advogados de defesa e o promotor Marcelo Milani podem pedir a cisão do julgamento e fazer o júri de só um dos acusados, mas isso deve ser definido momentos antes do início dos trabalhos, que começa às 13h.

O advogado de Regina, Aloísio Sebastião de Lima, disse que a careca nega participação no espancamento, mas que apontará os skinheads que teriam batido em Silva, inclusive alguns que não são acusados no processo. “Meu trabalho será baseado no depoimento da Regina. Ela disse que pretende dizer a verdade no julgamento e indicar os autores do espancamento, porque sofreu ameaças para ficar calada.”

A versão que Regina deve contar no júri deve ser a mesma relatada em reportagem do Diário de março do ano passado, quando assumiu que estava no local do crime e viu quem bateu no adestrador. Na ocasião, Regina disse que só ficou calada porque achou que dessa forma não ficaria presa, pois era inocente.

O promotor Marcelo Milani acredita que conseguirá a condenação dos dois acusados, pois tem provas da participação deles no crime. Roberto Fernando Gros Dias será defendido pela advogada Cirene de Giulio Gomes. 

Até hoje foram julgados quatro integrantes do grupo Carecas do ABC. Em fevereiro de 2001, José Nilson Pereira da Silva, de Diadema, e Juliano Filipini Sabino, da capital, foram condenados a 21 anos por homicídio triplamente qualificado e formação de quadrilha.

O julgamento de Marcelo Martins foi o mais controverso até agora. Ele foi absolvido do homicídio, mas condenado por formação de quadrilha. O processo foi transformado em diligência pelo juiz Luís Fernando Camargo de Barros Vidal e Martins aguarda a decisão em casa.

O careca Jorge da Conceição Soler, que assumiu participação do grupo que tentou espancar Netto e apontou quem teria batido o adestrador, foi condenado a três anos e quatro meses em regime aberto por formação de quadrilha e tentativa de homicídio contra Netto.

Na madrugada de 6 de fevereiro de 2000, Silva e Netto estavam na praça da República e passeavam de mãos dadas após saírem de um bar na região central da capital. Segundo testemunhas, os carecas teriam cercado os dois e os agredido. Netto conseguiu fugir, mas outro grupo de carecas cercou Silva e o espancou.

Socorrido por policiais militares e levado para a Santa Casa de Misericórdia, o adestrador não resistiu e morreu. Um grupo de policiais civis que fazia ronda pela área localizou o grupo suspeito em um bar na rua Treze de Maio. Presos, 18 carecas foram indiciados, entre eles seis moradores do Grande ABC.

O promotor de Justiça Marcelo Milani havia pedido o pronunciamento dos 18 carecas por homicídio, tentativa de homicídio e formação de quadrilha. Sete foram pronunciados e os outros 11 foram indiciados apenas por formação de quadrilha.

O promotor recorreu da desqualificação e, posteriormente, conseguiu que Vanderlei Cardoso de Sá e Henrique Velasco fossem pronunciados pelos três crimes. O processo por formação de quadrilha dos nove que sobraram ainda está em andamento, em razão do recurso pedido por Milani.




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