Política Titulo Campos Machado
'Meu grupo atua para apoiar Alckmin a presidente em 2018', diz Campos
Fábio Martins
Do Diário do Grande ABC
09/02/2015 | 07:47
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Marina Brandão/DGABC


Presidente do PTB em São Paulo e deputado estadual, Campos Machado sustentou que seu grupo político atua por apoio a candidatura do governador do Estado, Geraldo Alckmin (PSDB), em possível projeto do tucano à Presidência da República em 2018. Em entrevista exclusiva ao Diário, o dirigente indicou “ligação umbilical” com o chefe do Palácio dos Bandeirantes, de quem foi candidato a vice em duas oportunidades. “É história de lealdade. A gente necessita ter lado.”

Reeleito para o quarto mandato, Alckmin é cotado para encabeçar a chapa majoritária na sucessão de Dilma Rousseff (PT) após a derrota do senador Aécio Neves (PSDB), que perdeu a disputa mesmo diante do cenário mais favorável ao tucanato dos últimos 12 anos.

Antecipando a escolha com três anos de antecedência, o dirigente petebista frisou que a definição não se trata de adesão ao PSDB e sim apenas pela figura de Alckmin. “Ao PSDB eu faço série de reparos.” Para Campos, o governador demonstrou sua força eleitoral em todo território paulista ao ‘emprestar’ seu prestígio a Aécio no ano passado. “A votação do Aécio no Estado se deve ao Alckmin. O Aécio não fez o dever de casa. Quem não ganha na sua casa (Minas Gerais), quer ter vitória na casa do vizinho?”, alfinetou.

O comandante sinalizou panorama petebista de lançar candidatura majoritária em todas as cidades da região para 2016. O PTB conta como certo para o pleito os nomes dos ex-prefeitos José Auricchio Júnior, em São Caetano, e Clóvis Volpi em Ribeirão Pires ou Mauá. Em Santo André, ele mencionou que a ex-vice-prefeita Dinah Zekcer ou um dos três vereadores da sigla encabeçará a proposta. Campos também reiterou conversas avançadas para trazer Adler Kiko Teixeira (PSC), ex-chefe do Executivo de Rio Grande da Serra, e direcionar lado oposto a Lauro Michels (PV), em Diadema.

Quais táticas estão sendo planejadas pelo PTB para o processo eleitoral de 2016?
O partido pretende desenvolver nova estratégia, o que deu resultado no ano passado. Crescemos de 16 para 27 deputados (federais). Temos cinco parlamentares a mais do que o DEM. Já iniciamos conversações por eventual incorporação do DEM pelo PTB. Está se aventando essa possibilidade. Fizemos convenção nacional em dezembro. Pelo primeira vez, o mandato será de quatro anos. Quer dizer que o período dessa executiva nacional, na qual sou secretário-geral, termina em 2018. As estaduais, onde tem deputado federal, também prorrogado por quatro anos. Isso significa que a estratégia não é mais por Estado, é nacional. O PTB aqui, no Grande ABC, projeta participar de chapas majoritárias em todas as sete cidades. Teremos piloto ou co-piloto. Time que não joga perde a torcida. Ficamos muito tempo fora do jogo em alguns municípios.

Diante deste planejamento, o que tem de certo de pré-candidaturas para as cidades da região?
Em São Caetano, por exemplo, é óbvio o cenário. O (ex-prefeito José) Auricchio (Júnior) é candidato a prefeito. Não há dúvida disso no partido. Em Santo André, não tem como não disputar a eleição. Temos três vereadores, a ex-vice-prefeita (Dinah Zekcer), sindicatos. É histórico. Uma dessas figuras políticas encabeçará o projeto. Segundo pesquisa que fizemos há uns 15 dias, é eleição sem prognóstico e bastante improvável qualquer apoio ao ex-prefeito Aidan (Ravin, PSB). Pois quando um capitão pula do barco (do PTB), ele não merece mais comandar a embarcação. Para São Bernardo, há série de hipóteses que estão sendo discutidas e vejo que as possibilidades são bem grandes. É certeza absoluta lançarmos cabeça de chapa ou vice. Tem vários caminhos e tenho receio de falar, porque está em fase de diálogo. Em Diadema, certo é que estaremos de lado aposto ao prefeito Lauro (Michels, PV). Em Mauá ou Ribeirão Pires, existe uma situação um pouco conflitante. Estamos vendo o melhor panorama (ao referir-se ao ex-prefeito de Ribeirão Clóvis Volpi, hoje superintendente do Ipem – Instituto de Pesos e Medidas do Estado de São Paulo – que estava ao seu lado durante a entrevista). Em Rio Grande (da Serra), eu estou conversando com o (ex-prefeito Adler) Kiko (Teixeira, atualmente no PSC) para migrar para o PTB. Mais um nome na mesa nesta conjuntura. Kiko é bom nome e viria para participar do pleito em alguma cidade (ao considerar que o hoje social-cristão pode ser candidato na vizinha Ribeirão). Outro quadro interessante é que passa por São Paulo. O partido que lança, com apenas 33 segundos de tempo na televisão, candidata ao Senado (Marlene Campos Machado) que obteve metade dos votos (330,3 mil sufrágios) que alcançou o ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD), com 13 vezes mais de tempo, não dá para deixar de apresentar candidatura. Além disso, 53% do eleitorado é de mulheres. Não tem como fugir dessa realidade. Estamos atuando para viabilizar essa proposta.

E tem algum outro cenário definido pelo PTB para as próximas eleições?
Sim. Existe, inclusive, para o páreo de 2018. Temos ligação umbilical com (o governador) Geraldo Alckmin (PSDB), uma história de lealdade. Fui vice dele duas vezes (2000 e 2008 na disputa pela prefeitura de São Paulo). Muita gente do PSDB para não melindrar nem (o senador) Aécio (Neves, candidato ao Palácio do Planalto no ano passado, derrotado no segundo turno) nem ninguém evita sinalizar postura neste momento. Embora o Alckmin tenha iniciado agora o mandato dele (o quarto à frente do Palácio dos Bandeirantes), meu grupo político, que é muito grande no País, trabalha com a proposta de apoiá-lo por (possível) candidatura à Presidência da República daqui três anos. Na sexta-feira, em São José dos Campos, fomos aplaudidos em pé ao falar de adesão ao Alckmin a presidente. Estamos filiando quadros que já possuem esse planejamento. Exemplo disso é o dirigente da Federação dos Caminhoneiros no Estado, que se filiou ao partido e também já disse publicamente que vai se orientar pela decisão da estadual. Por que me furtar de tomar posição ou esconder a verdade? Preciso escolher meu candidato.

Mas por que a escolha do candidato se dá com tanta antecedência? Não pode causar divergências?
Pelo contrário. Acredito que nos une. A gente necessita ter lado. O Alckmin deu demonstração mais que cabal de sua força eleitoral em território paulista (venceu em 644 dos 645 municípios). Outra prova: a votação do Aécio no Estado de São Paulo (64,31% contra 35,69% da presidente Dilma Rousseff, PT) se deve ao governador, ao prestígio dele. O Aécio não fez o dever de casa. Quem não ganha na sua casa (Minas Gerais), quer ter vitória na casa do vizinho? Agora, quero deixar bem claro, não se trata de apoio ao PSDB a quem eu faço série de reparos. Se trata de adesão à figura do Alckmin. O PSDB é partido que não recolhe feridos. Se (o político) estiver em situação ruim, eles pedem passar longe. O Alckmin não, ele é diferente. É homem de palavra, leal, um amigo. No ano que vem já tem eleição de novo. E de 2016 para 2018 é um passo. Se eu deixar para trabalhar esse caminho em 2017, corremos risco de influência extra-PTB recair sobre a gente. Por isso, a proposta colocada na convenção de quatro anos de planejamento foi vitoriosa. Em 2016, as candidaturas estarão alinhadas com a estadual. Não vai dar para mudar de posição de última hora. Para evitar repetição dos traidores, como aconteceu em 2014, e pensam que vão permanecer incólumes (ilesos), os diretórios pensamos daqui dois anos. A gente pode ser enganado uma vez, mas duas vezes não dá.

Retomando a questão regional, o PSDB – depois do resultado da eleição do ano passado à Presidência, principalmente no Grande ABC - tem assediado lideranças petebistas, como Auricchio e Volpi. O que o PTB vai fazer para segurar essas forças nas fileiras do partido?
São duas palavras: confiança e lealdade. O que se entende por delação premiada? É coisa de bandido. Qualquer pessoa que comete crime hoje avalia que imputando a terceiros ele se livra da condenação. O que é mais importante na vida política? É a lealdade. Nunca me preocupei com Auricchio e Volpi. Agora, vou devolver a pergunta: alguém acredita que Alckmin teve preocupação comigo em qualquer situação em todos esses anos? Não tem sentido, sem hipótese. Isso não existe. Não ligo para essas sondagens tucanas. Eles que procurem suas lideranças.

Após a nomeação de Volpi no Ipem, o sr. avalia que ainda há espaço para Auricchio no governo Geraldo Alckmin? A possível participação na eleição atrapalha a indicação?
Existe possibilidade sim de compor espaço estratégico com objetivo claro de ajudar o governador, a população e, posteriormente, ele ser o candidato em São Caetano, sem problema em relação a essa questão. (Após deixar a Secretaria de Esporte, Lazer e Juventude do Estado) Não seriam cargos que demandam trabalho de quatro, cinco anos de direção. É o espaço que o governador entende que pode ser útil. O Alckmin tem apreço grande tanto pelo Auricchio como pelo Volpi (que assumiu posto no instituto na semana passada). Atualmente, há carência de valores humanos. Difícil hoje é material humano.




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