Assim como Nova York é considerada um sete de filmagem a céu aberto, a capital dos Estados Unidos, Washington, pode ser tratada como um museu sem paredes e teto. É fácil ficar hipnotizado apreciando os monumentos da cidade. A sede da Cruz Vermelha, o prédio principal do FBI (departamento federal de investigação), o Capitólio (o Congresso norte-americano) e sua magnífica biblioteca, o Memorial Albert Einstein (com uma estátua gigante do cientista), ao lado da Academia de Ciências. O que falar do Monumento a Washington, o obelisco de 169 metros de altura, cuja construção começou em 1848, numa homenagem de cidadãos norte-americanos ao primeiro presidente do país? O imenso espelho d’água, que faz conexão com o Memorial a Lincoln – uma homenagem ao 16º presidente (1861 a 1865) –, completa a paisagem. Foi lá que o pastor e ativista Martin Luther King fez o histórico discurso intitulado “Eu tenho um sonho”.

O que dizer então do lindo Memorial dos Veteranos da Guerra da Coreia, um tributo aos milhares de soldados que morreram lutando pelos Estados Unidos? Perto dali ainda tem o imperdível Monumento aos Veteranos do Vietnã, uma parede de granito preto que tem gravado o nome de todos os 60 mil combatentes mortos ou que sumiram naquela guerra.

Todas essas históricas, grandiosas e deslumbrantes obras-primas arquitetônicas impressionam tanto quanto uma barraca de lona, de mais de quatro metros quadrados, instalada em frente à Casa Branca desde 1981. Caixas de papelão, banquinho e cartazes feitos à mão completam a moradia da sexagenária Concepción Picciotto, ex-secretária da embaixada espanhola, que protesta ininterruptamente há 33 anos. Ela se reveza no local com algumas pessoas (para poder ir ao banheiro, por exemplo), pois se não ficar ninguém no local a polícia desmonta tudo. No alto de seu 1,52 m, dona Conchita não pode dormir deitada, caso contrário, infringirá lei do Serviço Nacional de Parques.

Desde que se instalou, ela busca audiência com o presidente dos Estados Unidos. Mas Ronald Reagan, George H. W. Bush, Bill Clinton, George Bush e Barack Obama nunca deram atenção. A manifestação, que começou contra a guerra nuclear, hoje defende outras bandeiras, como a interrupção do financiamento à defesa de Israel. Atualmente Conchita está adoentada. Não tem o mesmo vigor de outrora. Mas a vigília permanente pela paz continua. Poderia render um filme, daqueles baseados em fatos reais.