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II Cúpula da Terra não trará resultados, dizem especialistas
Por Das Agências
13/08/2002 | 09:16
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A Cúpula da ONU de desenvolvimento sustentável, que acontece no final de agosto em Johannesburgo, na África do Sul, será a primeira grande reunião deste nível desde a realizada no Rio de Janeiro em 1992, evento que deu origem a uma série de compromissos que não foram levados adiante e não impediu que o ecossistema se degenerasse e as diferenças entre Norte e Sul se tornassem abismos.

Delegações de 196 países devem participar da cúpula, 100 delas representadas por chefes de Estado. A maioria dos governantes da Europa, um continente que faz contrapeso aos Estados Unidos, já confirmaram sua presença. O presidente americano, George W. Bush, será provavelmente o grande ausente da reunião. No total, cerca de 40 mil pessoas estarão presentes na cidade sul-africana para o evento, cuja organização custou cerca de US$ 55 milhões.

Por desenvolvimento sustentável se entende a intenção de criar um modelo econômico capaz de gerar riqueza e bem-estar ao mesmo tempo que promove coesão social e impede a destruição da natureza.

Nos últimos dez anos, as 2,5 mil recomendações aprovadas no Rio de Janeiro em 1992 por 172 países ficaram no papel e os Estados presentes estão diante da complicada tarefa de concretizar estes compromissos que combinam desenvolvimento econômico, social e cuidados com o meio-ambiente.

A tarefa, segundo os especialistas, é utópica, já que os países continuam fazendo da economia prioridade de seu desenvolvimento e são incapazes de poluir menos ou dedicar mais verbas ao bem-estar de todos.

Na questão ambiental, o protocolo de Quioto, firmado em 1997, impõe aos países ricos uma redução de 5,2% de suas emissões de poluentes até 2012, mas o principal responsável por elas, os Estados Unidos, decidiu não ratificá-lo.

Enquanto o buraco na camada de ozônio cresce, aumenta também a diferença entre ricos e pobres. Em três décadas, a diferença entre os 20% mais ricos e os 20% mais pobres triplicou.

Os países industrializados, longe de cumprir a meta de destinar 0,7% do Produto Interno Bruto (PIB) para ajuda pública ao desenvolvimento (APD), acordada no Rio de Janeiro, reduziram em um terço suas contribuições até chegar a uma média de 0,22% em 2001.

Enquanto isso, os gastos militares anuais dos países do G-8 chegam a US$ 500 bilhões, dez vezes a ajuda pública mundial ao desenvolvimento. Se alguns pensaram que os atentados de 11 de setembro nos Estados Unidos despertariam consciências e conduziriam as nações a reavaliar suas relações com restante do mundo, erraram.

Muito rapidamente a realidade econômica tomou de novo o time na Cúpula de Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC) de novembro ficou claro que a pressão pela abertura dos mercados se sobrepõe aos compromissos de solidariedade e proteção do meio ambiente.

Por tudo isso, teme-se que a Cúpula de Johannesburgo seja mais uma dessas reuniões internacionais infrutíferas. Até hoje, não há agenda, compromissos significativos concretos sobre os quais se discutirá na cidade sul-africana.




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