O tempo fechado e chuvoso não tirou o brilho e nem a emoção dos últimos momentos de Jesus Cristo antes da crucificação, encenados pelo MCTA (Movimento Cultural Teatral e de Artes) na Praça da Riqueza, em São Caetano, na noite de ontem. Cerca de 200 fiéis acompanharam a 8ª edição do evento tradicional da Igreja Católica em ritual de comemoração da Semana Santa.

O espetáculo Via Crucis – A Paixão do Povo adaptou a passagem bíblica que narra o sofrimento de Cristo em poder dos soldados romanos após a Última Ceia com os discípulos até ser crucificado. Para a montagem, foram necessários 26 participantes, entre produção e encenação. O grupo teatral investiu R$ 20 mil na peça e contou com o patrocínio da Prefeitura de São Caetano.

A montagem trouxe adaptações que remetiam aos dias de hoje, como políticos corruptos que convenceram Judas a entregar Jesus e a música Cálice, de Chico Buarque. que entoou o momento da traição. O grupo de capoeira Menino Chorou também participou da atuação. “Sempre nos preocupamos em trazer elementos atuais para a peça”, afirmou o diretor Carlos Lyra.

O ator Marcelo Ferreira Gomes, 36 anos, interpretou Cristo pela oitava vez. Apesar disso, ele não escondeu a emoção. “Fico honrado por representar um ícone da Igreja. Eu trabalho muito a expressão corporal e sei da importância de representá-lo.”

Quem assistia, não conseguiu conter as lágrimas. “Moro há décadas aqui no (bairro) Prosperidade. Para nós é muito importante relembrar essa história com muito sofrimento. Somos uma comunidade muito unida”, disse o frentista Kleber Pereira, 45.

“É a primeira vez que eu venho. Não sabia que ia ter a encenação e aproveitei para assistir. É sempre muito emocionante”, afirmou a analista de compras Ana Luíza Marinho, 37.

ADIAMENTO

A forte chuva que caiu na tarde de ontem impediu a tradicional encenação da Paixão de Cristo na Paróquia Senhor do Bonfim, no Parque das Nações, em Santo André, na noite de ontem. Foi a primeira vez que isso aconteceu em 16 anos da realização do evento. “Ficamos muito tristes, por causa das pessoas envolvidas e dos patrocinadores. Mas, a segurança vem em primeiro lugar”, afirmou o coordenador geral, Irivaldo Tadeu Cristofali, mais conhecido como Vado.

A edição deste ano, será realizada sob a perspectiva do judeu Simão Pedro, que ajudou a carregar a cruz, foi adiada para hoje, às 17h. A peça será encenada na quadra coberta da igreja, que tem capacidade para 1.500 pessoas.

Eis o Cordeiro de Deus vai mostrar a história de Cirineu, que viajou da África até Jerusalém para participar do sacrifício do cordeiro pascal e acabou sendo obrigado a carregar a cruz de Jesus Cristo.