A saudável iconoclastia e o alegre anarquismo musicais que derrubam paradigmas são as marcas de Hermeto Pascoal, dono de uma musicalidade sem limites. Jamais se verá o adjetivo “convencional” acoplado ao nome de Hermeto, que deve abrir o show desta segunda-feira com uma música dedicada a Mauá composta na hora, de puro improviso. O músico chega no Grande ABC acompanhado de sua banda.

A sonoridade brasileira nunca foi a mesma desde que o Quarteto Novo – Hermeto, Heraldo do Monte, Theo de Barros e Airto Moreira – irrompeu no cenário musical em 1967. O grupo introduziu a viola caipira na música instrumental e influenciou legiões de músicos. Inovador, Hermeto sempre foi. Por isso sua música ganhou interesse internacional.

O multiinstrumentista define a combinação entre ritmo, melodia e harmonia como “uma terapia maravilhosa para a alma”. “A música é a batida do coração, emoção, amor. Se todos se ligassem nisso, o mundo não estaria assim, não”, afirma.

Imprevisível – Canos de alumínio, chaleira, chifre de boi, copo d’água, lata de refrigerante, panela – enfim, o que estiver à mão –, tudo se transforma em instrumento para Hermeto. E ele é capaz de transitar por todos os estilos, do baião ao choro, do erudito ao frevo, do maracatu ao samba-canção.

A apresentação de segunda-feira – como todas, por sinal – estará calcada no imprevisível. “Quem escutou meus discos se prepare para ouvir coisas novas. Sempre procuro o novo. O ar que respiramos hoje não é o mesmo de sábado. Simplesmente fecho os olhos e saio tocando”, diz. De onde surge a inspiração? “Não do que vejo na Terra, mas vem de outras galáxias”, afirma.