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Fidel Castro prevê fim da hegemonia dos EUA
Por Do Diário do Grande ABC
04/02/1999 | 09:34
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O presidente cubano Fidel Castro previu que está próximo o fim da hegemonia dos Estados Unidos no mundo e defendeu uma rápida integraçao da América Latina e Caribe, em um discurso para 2.300 estudantes em Caracas.

Quarenta anos se passaram desde que alguns dos presentes ao ato escutaram Castro no mesmo lugar, quando o líder cubano fez um discurso em 1959 na aula magna da Universidade Central da Venezuela (UCV), coincidindo entao com o primeiro aniversário da democracia venezuelana, que este ano completou 41 anos.

``Está desaparecendo a brisa sobre a qual se baseia objetiva e subjetivamente essa poderosa superpotência unipolar, para cuja queda nao se necessitam armas nem grandes guerras e sim idéias', disse Castro em referência aos Estados Unidos. ``Aquela criatura está chegando a suas etapas finais e talvez até seja preciso fazer a autópsia antes que acabe de morrer', declarou em torno da hegemonia norte-americana, sobre a qual centralizou quase todo seu discurso de mais de quatro horas.

Ovacionado e aplaudido aos gritos de ``o imperialismo nao pode com Fidel Castro', o presidente cubano propôs trocar o slogan por ``os americanos nao podem com Cuba'. ``Há uma humanidade sob a ameaça dessa enorme superpotência de um mundo unipolar e estamos convencidos de que ganharemos essa batalha', afirmou. ``Hoje há um mundo, uma humanidade para libertar e salvar e esta nao é nossa tarefa: é a tarefa de vocês', disse aos estudantes, que lotaram a capacidade do auditório.

Ao mesmo tempo, proclamou vitorioso seu povo por ter defendido ``a última trincheira' e declarou que ``estamos dispostos a resistir até o fim' ao bloqueio dos EUA, que considerou uma ``verdadeira guerra econômica'.

O presidente cubano fez um apelo à integraçao latino-americana e do Caribe a ``passos rápidos', afirmando que ``a resposta rápida ao fast-track do Norte é o fast-track do Sul', referindo-se ao mecanismo de autorizaçao que o Congresso dos EUA dá ao executivo para negociar tratados comerciais.

Castro, que chegou na segunda-feira à Venezuela, convidado para a posse do presidente Hugo Chávez, se estendeu durante horas por alguns episódios da história dos EUA para relatar o que considerou as incongruências de seu sistema, especialmente a especulaçao econômica.

Também citou sobre os Estados Unidos seu ``desprezo aos latinos' e que ``cultivam até maconha, que vale mais que toda sua produçao de milho'.

Criticou ainda a hegemonia dos EUA no Fundo Monetário Internacional, comparando essa instituiçao com ``o beijo da morte', porque ``afunda as economias e desestabiliza os sistemas políticos' dos países nos quais interfere.

Em um discurso lento e longo, com sua característica expressividade, ante um auditório de moderado entusiasmo, o septuagenário Castro conseguiu arrancar algumas gargalhadas na sala, quando tentou pronunciar algumas palavras em inglês ou 'brigou' com o microfone, dizendo que ``pensei que estavam fabricando melhores', quando nao chegava som a uma parte da sala.

A maior parte dos estudantes ficou fora da aula magna e teve de conformar-se em vê-lo e escutá-lo em um telao com alto-falantes.




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