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'Cheque-pré' toma lugar de financeiras
Por Vivian Costa
Do Diário do Grande ABC
22/11/2008 | 07:00
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As vendas de motos só têm caído desde agosto, quando começou a crise financeira internacional. E as revendedoras de motos usadas, diante da dificuldade para aprovar crédito para seus clientes, estão assumindo o papel das financiadoras e adotando uma prática antiga: agora, o famoso cheque-pré virou forma de pagamento. Se não for assim, garantem os lojistas, eles baixam as portas.

É o que afirma o vendedor da loja Juday Motos, Edson Bartolassi. "Para vender, a loja tem aceitado cheques pré-datados para quem dá 60% do valor da moto. Dividimos em até quatro vezes sem juros", explica. Ele diz assumir o risco, pois precisa pagar os custos mensais como aluguel, água, luz entre outras contas. Se o cliente trabalhar com cartão de crédito, é possível dividir em até seis vezes sem juros.

Em outubro vendeu 11 motos e em novembro esse número caiu para três. "Na negociação de todas as motos que vendemos, aceitamos cheques. Se não fosse assim, não teríamos vendido nenhuma. Não estamos conseguindo aprovar nenhuma ficha cadastral", diz.

Valdeci Moura, da loja Indian Motos, também confirma que para poder vender é preciso receber cheque. "Não conseguimos vender porque as pessoas não têm dinheiro para a entrada exigida", lamenta.

Há 19 anos no ramo, afirma que, para alguns clientes antigos, abre exceção e aceita cheques. "Se o cliente for antigo e der uma boa quantia de entrada, acabo dividindo o valor em cheque. Sei que é arriscado, mas tenho de manter meu negócio", explica.

Alexandre Bartolassi, dono da Local Motos, lembra ter reduzido 20% dos valores das motos para poder vender. Como não estava tendo sucesso, passou a aceitar cheque como pagamento para quem desse 50% do valor. "Divido até seis vezes sem juros", comenta. Antes ele tinha duas lojas,e com a queda nas vendas, fechou uma unidade e abriu um bufê nos fundos para diversificar a renda.

MOTOS NOVAS
As revendedoras de motos novas também estão se diversificando. Uma das maneiras que Ivan Laureano, gerente da Dafra Motos, encontrou foi negociar um desconto de 6% com a fábrica. Como ainda não é suficiente, ele passou a dividir a entrada no cheque ou no cartão.

Segundo o gestor da Dafra Motos, Adrelei Gobbo, como está difícil a liberação de crédito, os vendedores já abordam os clientes oferecendo a divisão. A loja também aceita motos usadas como forma de pagamento.

Eliel Oliveira, gerente da Kasinski, também conta que a loja divide a entrada em três vezes sem juros. "Se o cliente der 50% de entrada pode dividir o resto em até 20 vezes sem juros", explica.

Para Eduardo Becker, professor de Economia da Esag (Escola Superior de Administração e Gestão de Santo André), ao aceitar cheques os comerciantes estão assumindo um grande risco, mas a curto prazo é uma maneira de sobreviver. "Creio que dessa forma a inadimplência de cheques possa aumentar. Acredito também que essa prática não irá durar por muito tempo", finaliza.




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