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Nissan deseja muito mais do País
Wagner Oliveira
Do Diário do Grande ABC
25/04/2010 | 07:00
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Há um ano no cargo de vice-presidente executivo da Nissan Motor Company, o português Carlos Tavares tem, entre seus desafios, fazer crescer a marca japonesa no Brasil. A missão foi dada a Tavares pelo chefão da Renault-Nissan, o brasileiro Carlos Ghosn, que não está nada satisfeito com a fatia de 5,5% que as duas montadoras detêm no mercado nacional.

"Não dá para nos contentarmos enquanto não tivermos pelo menos 10% das vendas no Brasil. Em média, essa fatia é a que temos no mundo inteiro", disse Ghosn, ao passar pelo País na semana passada. Tavares foi um dos executivos do grupo franco-japonês que acompanhou a comitiva do Ghosn por Porto Alegre, São Paulo e Salvador, capitais onde foi lançado o Renault Logan com mudanças estéticas.

Ao completar, no próximo dia 27, um ano no cargo de chairman do Comitê de Gerenciamento das Américas, Tavares já tem uma radiografia completa do mercado e também os passos que a Nissan dará para crescer no mercado nacional. Homem de confiança de Ghosn, Tavares comanda as operações nas Américas de seu escritório em Nashville (Tennesse, Estados Unidos) ou Tóquio.

A Nissan Brasil deixou de responder a Tóquio quando Tavares assumiu o posto. Neste mês, houve mudança de cadeiras na presidência brasileira da montadora japonesa, operada a partir de São José dos Pinhais (PR). Entrou Christian Meunier, saiu Thomas Besson, que vai para o Japão depois de ter comandado a marca por quatro anos no Brasil.

Nos planos, estão a importação de um compacto - o March - e o sedan do Tiida, ambos importados do México. Um terceiro veículo também será trazido até março de 2011, quando se encerra o ano fiscal de 2010. Além disso, a rede será ampliada numa velocidade maior nos próximos dois anos.

"Nós estamos cientes de que a Nissan está aquém de seu potencial no Brasil", afirmou Tavares, após a assinatura de convênio entre a Renault-Nissan e a Prefeitura de São Paulo para criação de grupo de estudos que vai indicar a infra-estrutura necessária para a capital paulista receber os primeiros veículos elétricos.

A Nissan começa a produzir em dezembro nos Estados Unidos e Europa o seu primeiro carro totalmente elétrico, o Leaf. Abaixo, confira a íntegra da entrevista exclusiva concedida por Tavares ao Diário.

DIÁRIO - Por que a Nissan dá a impressão de que não consegue a arrancada definitiva no mercado brasileiro?
CARLOS TAVARES - É uma questão de termos um plano mais eficiente. Nos mais de 150 países em que a Nissan atua, nossa faixa tradicional de mercado é de 5,5% (contando somente a Nissan). No Brasil temos atualmente 3,6% das vendas (23.140 veículos em 2009). Não nos satisfaz. Estamos cientes de que a Nissan está aquém de seu potencial no Brasil.

DIÁRIO - Em quanto tempo a Nissan espera conseguir alcançar a meta de pelo 5,5% das vendas nacionais?
TAVARES - Vamos trabalhar para que os resultados venham o mais rápido possível.

DIÁRIO - Como melhorar?
TAVARES - A Nissan não atua em todas as faixas de mercado no Brasil. A marca é mais conhecida dos brasileiros por nossas picapes - segmento de maior poder aquisitivo pelo qual entramos no mercado aqui. Até o final do ano fiscal de 2010, que se encerra em março de 2011, vamos ampliar nosso portfólio de seis para nove produtos.

DIÁRIO - Vão entrar em segmentos nos quais a Nissan ainda não atua?
TAVARES - Sim. Um desses veículos é o March, compacto que vai nos ajudar a entrar no setor de carros mais vendidos no País. Não faz sentido querer crescer no Brasil se você não tiver um carro de dimensões menores - o filão do mercado brasileiro. Ainda vamos trazer o sedan do Tiida. O terceiro produto ainda não foi definido (pode ser uma versão sedan do March). Os três modelos serão importados do México.

DIÁRIO - A rede de vocês também vai ser ampliada?
TAVARES - Sim. Estamos atualmente com 88 revendas e vamos chegar até o final do ano com 110. Em 2011, nossa meta é abrir 30 novas concessionárias. A ideia é ampliar nossa presença em todas as regiões e reforçar redes no Nordeste e regiões metropolitanas (Santo André teve a revenda Tókio inaugurada no final do ano passado).

DIÁRIO - Com essas ações a marca dará um salto?
TAVARES - Na verdade, já estamos em ritmo forte. No ano passado, crescemos 33% sobre o ano anterior, enquanto o mercado em geral cresceu em torno de 12%. A Nissan foi a segunda marca que mais subiu (no primeiro semestre de 2010, a montadora vendeu 7.533 veículos, crescimento de 25% sobre a 5.838 unidades do mesmo período do ano anterior).




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