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Interpol terá banco de dados de DNA para encontrar crianças
Por Do Diário do Grande ABC
25/06/2000 | 16:50
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A divisao brasileira da Polícia Criminal Internacional (Interpol) vai criar um banco de dados de DNA para localizar crianças desaparecidas. O projeto, que está sendo desenvolvido em parceria com a Universidade de Sao Paulo (USP) e Universidade Federal do Rio de Janeiro, vai possibilitar que o Brasil tenha, nas próximas três décadas, informaçoes genéticas de toda a populaçao.

A Interpol também vai coletar material genético de pais que tiveram seus filhos desaparecidos para tentar encontrá-los a partir da confrontaçao do DNA. "O banco de dados poderá resolver muitos mistérios que envolvem famílias, além de ser mais uma arma para a polícia evitar tráfico, seqüestros e roubo de crianças", afirma o delegado federal Washington Nascimento Melo, diretor da Interpol no Brasil. "Teremos 99,9% de possibilidade de esclarecer um destes casos."

O material para o DNA será coletado a partir do teste do pezinho feito em todas as crianças recém-nascidas. Daí em diante, o material genético será enviado para um banco de dados gerenciado pelo Instituto Nacional de Identificaçao (INI), que será repassado para o Instituto Nacional de Criminalística (INC) e caberá à Interpol a coordenaçao geral.

"Poucas pessoas terao acesso, já que estaremos mexendo com informaçoes íntimas das pessoas", diz Nascimento. "Haverá limites de acesso e códigos para mantermos sigilo absoluto sobre o material."

Segundo Washington Nascimento, a Interpol também vai identificar geneticamente ao pais de crianças desaparecidas para confrontar com o DNA de menores enviados para o exterior, além de outras que forem encontradas no Brasil.

"Há muitos casos em que menores sao levados ao exterior e dificilmente reconhecidos, já que apresentam as mesmas características do país onde estao vivendo", explica o diretor da Interpol. "Um dos exemplos sao as crianças que desaparecem no Paraná e muitas vezes podem ter sido levadas para a Europa, onde a semelhança é grande".

O diretor da Interpol afirma que o banco de DNA vai evitar também o constrangimento que muitos casais passam à procura de seus filhos. "Muitos viajam até para o exterior achando que a criança lá encontrada é seu filho, mas quando chegam e verificam que nao é, começa outro drama, o da desilusao", diz Nascimento.

"A frustraçao é muito grande quando se trata de procurar crianças desaparecidas", acrescenta o delegado, afirmando que há casos em que os pais chegam a deixar intactos os quartos dos filhos desaparecidos, na esperança que eles retornem.

Custos - A Interpol ainda nao tem uma avaliaçao dos custos do projeto, mas irá tentar financiamento em outros órgaos, além do Ministério da Justiça. "Já temos como parceiros e USP e UFRJ, mas precisamos de mais ajuda para implantar este sistema, que poderá até fazer parte do Plano Nacional de Segurança Pública, já que é uma arma para acabar com uma série de crimes contra as crianças", diz Nascimento.

"Se o Ministério da Saúde pudesse fazer com que o teste do pezinho fosse obrigatório, os custos seriam bem menores, já que hoje o teste de DNA é considerado caro".

Atualmente a polícia só possui dois métodos para tentar encontrar crianças desaparecidas. Uma é a identificaçao por fotografia e o envelhecimento da imagem da criança, mas os resultados nao chegam a ser perfeitos. E quando trata-se de crianças nao há a possibilidade de confrontamento datiloscópico, já que menor nao tem obrigaçao de ter identificaçao digital.




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