O presidente do Federal Reserve (Banco Central dos Estados Unidos), Alan Greenspan, disse neste sábado que o aquecimento do setor imobiliário americano vai acabar. "Em um breve prazo, o 'boom' imobiliário vai baixar, inevitavelmente. Neste processo, o ritmo de venda de residências vai cair de seus níveis historicamente elevados, com a desaceleração da alta nos preços, podendo inclusive haver queda nos preços", estimou.

Desta forma, os proprietários de imóveis terão menos dinheiro de seus investimentos e isto afetará "em parte o vigor do consumo", advertiu Greenspan em seu discurso. As estimativas sobre o impacto deste fenômeno variam muito, destacou o presidente do FED.

Greenspan estimou ainda que tal processo poderá melhorar a posição externa dos Estados Unidos, tendo em conta o alto grau de correlação que existe entre o enriquecimento ligado ao setor imobiliário e o déficit comercial americano.

"O fim do boom imobiliário poderá levar a um aumento importante nos níveis de poupança, à queda das importações e a uma melhora do déficit em conta corrente", explicou. "A dificuldade destes ajustes dependerá do grau de flexibilidade econômica que mantivermos nos próximos anos, nós e nossos parceiros comerciais".

Alan Greenspan, que deixará a presidência do FED após 18 anos, já tinha advertido na sexta-feira sobre o desequilíbrio no setor imobiliário. Os comentários de Greenspan eram muito esperados, mas os analistas já previam uma queda drástica nos preços dos imóveis nos Estados Unidos, divergindo apenas sobre seu maior ou menor impacto na economia americana.

O tema imobiliário nos Estados Unidos transcende a questão do acesso à propriedade. De fato, o sistema bancário permite aos proprietários renegociar seus empréstimos em curso, o que pode resultar na queda da liquidez. Batendo recorde sobre recorde, com uma alta impressionante dos preços, o setor imobiliário foi um dos pilares da recuperação econômica dos Estados Unidos após os ataques terroristas do 11 de setembro contra Nova York e Washington.