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Em tempos de tecnologia
Por Rodolfo de Souza
17/10/2019 | 07:00
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 É nesses tempos de tecnologia avançada que fica mais evidente a afinidade nenhuma do ser humano com o pensamento refinado. Sua perambulação constante em meio a um torvelinho de programas, dia a dia, é que revela esse fenômeno. Basta que se dê uma volta pelas redes sociais para que se chegue à constatação alarmante da pequenez da mente deste que veio para povoar o mundo, e que assim o fez com maestria. Multiplicou-se, espalhou-se como determinou o Criador, exerceu domínio sobre a Terra, e logo se estranhou com o seu igual e com o meio em que vive. Talvez seu cérebro avantajado tenha lhe pregado uma peça, afinal, deixando-o confuso, sem saber como lidar com tamanha inteligência.

Assistindo, por exemplo, ao comportamento das pessoas ligadas à política, ao mundo empresarial, ao dinheiro farto que gera poder, chega-se à constatação de que há pouco o que se esperar no tocante a uma vida melhor para todos os habitantes deste pequeno e redondinho planeta azul, sobretudo, se observarmos as ações sempre voltadas para o bem-estar de uma minoria. É a força dos mais fortes exercendo domínio sobre os mais fracos, que assistem à morte de gerações sob as botas de quem lhe é semelhante em tudo, menos no prestígio concedido pelo dinheiro.

Desalento é, pois, o que bate no peito quando me ponho a refletir acerca dessa conjuntura amarga que nos leva de roldão ladeira abaixo. Certo, inclusive, de que, ao final, não haverá privilégios, de que estamos fadados a atingir, juntos, o fundo rochoso do penhasco, mesmo com toda a técnica à nossa disposição. Momento dramático este, principalmente para quem vive num País destro como o belo território varonil, berço desse povo alegre. Falo de uma população humilde e calejada pelos rigores de uma sociedade injusta, cujos governantes só têm olhos para os interesses do capital e, por conseguinte, para quem dele dispõe. A esquerda, coitada, cheia de ideias e boas intenções, se contrapõe em embates inúteis, só para ver quem toma o poder, certa de que a direita tropeçará um dia nas próprias barbas e lhe cederá a vez.

A direita, para o sujeito menos comprometido com a leitura, é conduzida por gente bonita e rica que só por causa disso já é merecedora do cetro dourado. Chega a pensar, o indivíduo de parco saber, que essas pessoas, por terem de tudo na vida, não necessitam espoliar a Nação para benefício próprio. Pensamento simplório que normalmente leva ao erro. E mesmo em tempos tecnológicos, a distribuição de falsos sorrisos, tapinha no ombro e beijinho em criança pobre são tática antiga que ainda funciona muito bem quando a elite necessita do voto da gente simples, que elege, sonhando sempre com uma vida menos apertada.

Mesmo assim, não podemos esquecer de que vivemos um mundo cada vez mais regido pela tecnologia. Universo novo que serve para esclarecer e também para enganar, que submete a mente fraca ao seu domínio só para dela tirar proveito. É ferramenta que o poder aprendeu rapidamente como usar para não ter mais que ver seu terno caro e cheiroso próximo do povão suado que só serve mesmo para lhe dar o voto e lustrar seus sapatos.




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