Cultura & Lazer Titulo Eleição
Séries levam a melhor na TV em 2008
Da TV Press
23/12/2008 | 07:00
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É publicada hoje a terceira e última parte do resultado da votação Melhores & Piores de TV Press. Há 19 anos, a agência de notícias realiza a enquete junto a mais de 50 jornalistas de veículos que publicam suas reportagens, dentre eles o Diário. Depois das áreas de shows e telejornalismo é a vez da teledramaturgia.

A queda geral da audiência de todas as produções dramatúrgicas roubou a cena em 2008. Com números do Ibope rolando ladeira abaixo, muitas tramas estiveram na corda bamba na Globo. Como Ciranda de Pedra, que foi encurtada, e A Favorita, que no início teve uma das piores audiências do horário das oito nos últimos anos. Mesmo assim, a trama de João Emanuel Carneiro, autor estreante no horário, disparou na preferência dos editores de jornais e portais que publicam o conteúdo de TV Press.

Além da história ter vencido como melhor novela, conquistou a eleição em mais quatro categorias. Uma delas foi melhor atriz para Patrícia Pillar, que destilou todo o sarcasmo da atroz Flora, numa atuação que entra para a história como uma das mais carismáticas vilãs das novelas.

Foi Dan Stulbach quem mais se destacou como protagonista este ano. Na pele do sofrido Léo da minissérie Queridos Amigos, o ator comoveu com uma interpretação cautelosa ao resgatar valores simples, como a amizade do personagem com os amigos de faculdade. Ponto também para a autora Maria Adelaide Amaral, eleita na categoria melhor autor.

Na contramão das boas interpretações e da lente ágil e sempre atenta de Ricardo Waddington, eleito melhor diretor, com A Favorita, Silvio Santos mais uma vez decepciona com uma equivocada investida na dramaturgia. Ainda que recém-estreada, Revelação, a trama assinada por Íris Abravanel, mulher de Silvio, pecou pela falta de coerência e foi eleita a pior novela. O excesso de cenas picotadas, numa edição que não tem um fio condutor, traz a sensação de que a direção de Henrique Martins, eleito pior diretor, tinha o fracassado objetivo de trazer agilidade à história. Mas fez com que o texto capenga e as atuações inexpressivas da maioria do elenco contribuíssem para que a produção ficasse quase incompreensível.

Num ritmo mais lento e quase preguiçoso, o seriado Ó Paí Ó, vencedor da categoria melhor série e seriado nacional chamou a atenção pela explícita baianidade. O texto sempre criativo de Guel Arraes foi temperado com ainda mais ironia pelas boas atuações.

Melhores & Piores da TV Press:

NOVELA

Melhor: A Favorita
2º melhor: Queridos Amigos
Puro favoritismo: A estréia de João Emanuel Carneiro no horário das oito com A Favorita surpreendeu. A trama começou quase medíocre, na indefinição da mocinha e da vilã. No entanto, a revelação de Flora como a assassina do folhetim causou um alvoroço. Parte do público que torcia pela personagem da Patrícia Pillar começou a se sentir enganado. Mas, aos poucos, a história foi se revelando com subtramas recheadas de suspense e conseguiu fisgar a atenção do público com atuações comoventes de atores como Mauro Mendonça e Lilia Cabral. Mais um motivo para a produção ter sido eleita a melhor novela pelos editores dos jornais que utilizam o conteúdo editorial de TV Press.

Pior: Os Mutantes - Caminhos do Coração
2º pior: Revelação
Efeito mutante: Seres fantásticos, personagens de ficção científica e muitos efeitos especiais. Os ingredientes eram até atraentes em Os Mutantes - Caminhos do Coração. Mas o autor Tiago Santiago errou a mão nas mirabolantes invenções de seres fantásticos - o que chegou a se refletir na decrescente audiência. Dezenas de personagens saíram e entraram da trama ao longo do ano, dificultando a compreensão da história e impedindo uma identidade com o público.

ATRIZ REVELAÇÃO

Melhor: Nathália Dill
2º melhor: Carolinie Figueiredo
Da pá-virada: Ser odiada pode ser um trunfo para uma atriz iniciante. Na pele alva da diabólica Débora, em Malhação, Nathália Dill disse a que veio e foi eleita atriz revelação. Empinou o nariz na pele da vilãzinha do folhetim e mostrou personalidade ao interpretar uma adolescente psicopata com diversas nuances. Chegou a evidenciar momentos de fragilidade sem cair na pieguice e fez com que a vilã da trama adolescente se sobressaísse na produção de novatos.

ATOR REVELAÇÃO

Melhor: Miguel Rômulo
2º melhor: Leonardo Medeiros
Início estelar: Miguel Rômulo teve de conviver com assuntos interplanetários para chamar atenção. E conseguiu. Na pele do Shiva Lênin, em A Favorita, o estreante, eleito ator revelação, passou meses contracenando com o lunático Augusto César, do experiente José Mayer. E, diante de todas as esquisitices de seu núcleo quase extraterrestre, Miguel conseguiu uma atuação centrada, convincente e emocionante na medida certa.

ATOR

Melhor: Dan Stulbach
2º melhor: Murilo Benício

Essência saudosista: O verdadeiro sentido de família não está no sangue, mas na identificação entre as pessoas. Ao resgatar a amizade de amigos de faculdade do personagem, Dan Stulbach compôs um dos papéis mais marcantes de sua carreira. Na pele do bem-sucedido Léo, um personagem cético, inquieto e anarquista, Dan conduziu com clareza as intenções mais camufladas do personagem, em uma interpretação comovente que o elegeu melhor ator.

Pior: Sérgio Abreu
2º pior: Caetano O'Maihlan
Evidente fiasco: Sérgio Abreu nunca foi um ator que se sobressaísse em seus papéis secundários na TV. Seu último trabalho como o gay Tiago, em Paraíso Tropical, chegou a ser correto, mas sequer atraiu holofotes. Agora, como o Lucas, protagonista de Revelação, do SBT, quando ele necessariamente precisa ser o centro das atenções numa trama, Sérgio evidencia uma constrangedora e opaca atuação. Prova que não tem carisma para convencer como um mocinho.

ATRIZ

Melhor: Patrícia Pillar
2º melhor: Mariana Ximenes
Maldade sedutora : Os cachos louros e os ternos olhos azuis indicam fragilidade. Na contramão de seus papéis meigos e açucarados, Patrícia Pillar impressionou como a maquiavélica Flora em A Favorita. Em sua primeira vilã na TV, a atriz explicitou o cuidado sutil com a composição da personagem nos pormenores. Sorrisos sarcásticos, olhares infames e muita disposição para convencer como a loura má resultaram num impecável trabalho da brasiliense, eleita com larga vantagem como melhor atriz.

Pior: Bianca Rinaldi
2º pior: Rosanne Mulholland
Sem tempero: Bianca Rinaldi já entrou para o time de primeiro escalão de atores na Record. Mas até agora não conseguiu convencer como a mocinha Maria em Os Mutantes, trama que ainda é a menina-dos-olhos da emissora. Com uma voz sussurrada e recursos cênicos piegas, a atriz tem mostrado uma atuação exagerada e quase robotizada numa heroína que deveria ter sido mais verossímil desde o início da história.

ATRIZ COADJUVANTE

Melhor: Leandra Leal
2º melhor: Lilia Cabral
Biscoito fino: As pin-ups nunca estiveram tão em alta nos últimos tempos na dramaturgia quanto na trama Ciranda de Pedra, da Globo. Mérito da talentosa Leandra Leal com sua impagável Elzinha, que lhe deu o título de melhor atriz coadjuvante. Mesmo numa produção com uma audiência bem aquém do esperado, a atriz conseguiu se sobressair com a personagem que divertia a cada cena. Com uma minuciosa composição e trejeitos de diva do cinema dos Anos Dourados, a atuação de Leandra foi um dos poucos pontos altos da história.

ATOR COADJUVANTE

Melhor: Iran Malfitano
2º melhor: Jackson Antunes
Sensibilidade apurada: Iran Malfitano nunca chamou muita atenção na TV desde que estreou em Malhação, há 13 anos. Mas bastou sair do armário com um personagem para se revelar como ator. Na cútis fina do desmunhecado Alfredinho, Iran deita e rola na comédia. E consegue o mérito raro de não cair no humor pastelão com um personagem efeminado. Numa medida exata entre a emoção, o riso e o drama, Iran mereceu a premiação.

AUTOR

Melhor: Maria Adelaide Amaral
2º melhor: João Emanuel Carneiro
Com açúcar e com afeto: Maria Adelaide Amaral nunca se expôs tanto quanto na sinopse de Queridos Amigos. A minissérie, baseada em seu romance Aos Meus Amigos, que escreveu abalada com a morte de um grande colega, em 1992, transformou-se em desabafo. A autora debate as seqüelas dos ainda doloridos efeitos da ditadura e celebra as grandes amizades. Diante de um cenário contemporâneo tão individualista, Maria Adelaide conseguiu, através da trama, resgatar valores como o carinho e a solidariedade sem escorregar na pieguice.

Pior: Íris Abravanel
2º pior: Tiago Santiago
Mosaico incompreensível: Íris Abravanel, a primeira dama do SBT, teve uma iniciativa louvável ao arregaçar as mangas de seus trajes impecáveis para colocar as mãos na massa como autora de novelas. Mas as misturas de seus ingredientes na insossa Revelação não deram certo. A autora de primeira viagem escorregou em todos os clichês possíveis na história. Pincelou os previsíveis núcleos de bandidagem, humor, drama e ação, mas esqueceu o primordial: uma linha condutora que justificasse tais histórias.

DIRETOR

Melhor: Ricardo Waddington
2º melhor: Denise Saraceni

Novo foco: Ricardo Waddington sempre primou pela inquietude de suas cenas. Mas a agilidade de sua edição não foi o que mais chamou atenção em A Favorita. Ricardo se superou na direção dos atores, no cuidado ao contar a história mantendo um clima de suspense sem cair em armadilhas comuns e previsíveis, como takes eletrizantes de videoclipe. Com um olhar aguçado, trouxe uma assinatura sofisticada para as cenas da trama de João Emanuel Carneiro.

Pior: Henrique Martins
2º pior: Alexandre Avancini
Engano revelado: O grande talento do SBT nunca foi a dramaturgia. Muito menos o cuidado artístico na direção de suas tramas. O exemplo mais gritante da falta de esmero de suas histórias é a profusão de cenas picotadas em Revelação. Com o objetivo de tornar a trama ágil, o diretor Henrique Martins acabou perdendo o foco e errando feio. Cortou cenas ao meio, utilizou diversas vezes os mesmos recursos de grua e gerando uma trama que chega a causar náuseas pela seqüência das cenas.

SÉRIES/SERIADOS NACIONAIS

Melhor: Ó Paí Ó
2º melhor: A Grande Família
Na terra da felicidade: Ó Paí Ó espalhou o tempero da terra de todos os santos Brasil afora. Só mesmo os cenários do Pelourinho e as zelosas interpretações de Lázaro Ramos e Matheus Naschtergaele para desbancar A Grande Família, série que se mantinha como a favorita da categoria nos últimos anos. No entanto, o falar arrastado do povo criado com azeite-de-dendê trouxe novidade para as noites de sexta da Globo e conquistou a eleição.

Pior: Toma Lá Dá Cá
2º pior: Dicas de Um Sedutor

Nem cá nem lá: Poucas produções conseguem ser mais monótonas que Toma Lá Dá Cá. O antigo recurso de comédia de costumes com todas as ações no mesmo cenário passam a sensação de dejá vù. Pior ainda quando o público é obrigado a ouvir os mesmos bordões, as mesmas piadas e ainda a mesma interpretação de Miguel Falabella com seu único personagem na carreira: ele mesmo. Nem mesmo o genial Ítalo Rossi consegue se reciclar com um texto sem charme e ao lado de atuações tão repetitivas.




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