Não é possível dizer que Tootsie, lançado em 1982, foi o precursor dos travestidos cômicos no cinema. Mais de 30 anos antes, Jack Lemmon e Tony Curtis viraram mocinhas para fugir de mafiosos em Quanto Mais Quente Melhor. Não existisse o longa, não haveria desde Uma Babá Quase Perfeita à Zizi, disfarce de Marcelo Médici em Sete Pecados.

Apesar disso, depois do filme de Sydney Pollack, nenhum outro filme do gênero – ou transgênero – foi igual. O DVD duplo de 25 anos – comemorados no ano passado – chega ao Brasil apenas esta semana, a R$ 29,90.

Toda empatia se deve à diva, ops!, ao protagonista, Dustin Hoffman, que parece deliciado com mais um papel trabalhoso. O ator franzino, que carrega a fama de ‘cricri’ nos estúdios, dá à sua falsa porção feminina outra dimensão.

Hoffman começa o filme de certa forma na pele de um alter ego: Michael Dorsey, ator que estraga mais uma chance de trabalho por sua natureza irritante. Não consegue nem na TV, que ele despreza. A única chance é produzir a peça do amigo (Bill Murray), mas não há dinheiro em vista.

A oportunidade surge quando fica sabendo de testes para uma ponta em uma novela. Michael se traveste de Dorothy Michaels, uma senhorinha de óculos e muita atitude, e ganha o papel. Carismático, o personagem dentro do personagem cai nas graças da audiência do folhetim e Michael é contratado.

As coisas complicam quando ele se engraça pela companheira de cena Julie (Jessica Lange) e desperta paixões em colegas maduros. O filme foi indicado a dez Oscar (apenas Jessica levou uma estatueta, de atriz coadjuvante).

TOOTSIE – Dir.: Sydney Pollack. Com Teri Garr, Dabney Coleman, Charles Durning. Preço médio: R$ 29,90. Distr.: Sony Pictures