Economia Titulo Acordo
Mercedes recua e garante
emprego até 31 de março

A prorrogação, porém, foi acertada com a contrapartida de a
empresa não pagar a esses profissionais a 2ª parcela da PLR

Leone Farias
13/11/2012 | 07:00
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Depois de a Mercedes-Benz informar aos trabalhadores a decisão de cortar quase 500 empregos, conforme o Diário antecipou na sexta-feira, a montadora recuou. Com a mobilização dos funcionários da fábrica de São Bernardo, que emprega 13 mil pessoas, a companhia negociou com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC a proposta de renovar até 31 de março com os 484 trabalhadores - o número inicial, de 500, foi novamente revisado pela Mercedes - cujos contratos de trabalho venceriam no domingo, dia 18.

A prorrogação, porém, foi acertada com a contrapartida de a companhia não pagar para esses profissionais a segunda parcela da PLR (Participação nos Lucros e Resultados), calculada em cerca de R$ 3.500 por funcionário. A justificativa para o corte no benefício é o custo desse pessoal para a montadora, estimado em R$ 6.500 por trabalhador, até o fim de março.

A proposta, aprovada em assembleia pelos metalúrgicos ontem pela manhã, na sede do sindicato, também estende para os 484 o lay-off (suspensão em que os empregados ficam em casa, mas recebendo) até 31 de janeiro. Esse já era o prazo em que os outros 1.000 funcionários com contrato por prazo indeterminado ficarão em lay-off, conforme acordo firmado em setembro entre sindicato e empresa. A partir de fevereiro, portanto, todos os 1.484 suspensos não terão mais bolsa do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) para fazerem cursos; eles voltam à atividade na fábrica e a ter 100% do valor líquido dos salários pago pela companhia.

Pela lei trabalhista (artigo 451 da CLT), contratos por prazo determinado não poderiam ser renovados mais de uma vez. E, no caso dos 484 funcionários, já houve uma prorrogação neste ano. Para contornar o problema, o presidente do sindicato, Sérgio Nobre, negociou com a Superintendência Regional do Trabalho em São Paulo para que houvesse a segunda extensão dos contratos. Segundo Valter Sanches, diretor do sindicato responsável pela Mercedes, a superintendência entendeu que, por beneficiar os trabalhadores, "o negociado fica acima do legislado".

Em janeiro também será aberto PDV (Programa de Demissões Voluntárias) para todos os empregados da montadora. Sanches diz que há cerca de 1.000 aposentados na unidade que podem ter interesse no pacote de benefícios (ainda a ser definido).

MERCADO - As vendas de caminhões da Mercedes, neste ano, ainda estão 19,1% menores do que no acumulado do ano passado. Em outubro, a queda foi de 10,3% frente ao mesmo mês em 2011. Por isso, segundo Sanches, a empresa tem hoje excedente de 2.700 funcionários (ou seja, mais do que seria necessário para o patamar atual de produção).

Na comparação com setembro, porém, as vendas cresceram 32,2%. A expectativa, tanto do sindicato quanto da Mercedes, é que o setor siga se recuperando nos próximos meses. "Sem essa crença (de que haverá reação na demanda), seria muito difícil haver espaço para alcançarmos um acordo como esse", afirmou o diretor de comunicação corporativa da empresa, Mario Laffitte.

 

 




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