Setecidades Titulo Encostas
Obra de contenção
só acaba após chuvas

Prefeitura de Ribeirão Pires anuncia amanhã empresa
vencedora da licitação que fará serviços em áreas de risco

Angela Martins
Do Diário do Grande ABC
15/11/2011 | 07:00
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A Prefeitura de Ribeirão Pires anuncia amanhã, às 8h30, a empresa vencedora da licitação para quatro obras de contenção de encostas nos morros São José e Santo Antonio e construção de muros de arrimo na Avenida Humberto de Campos, Jardim Mirante e na Rua Anchieta, localizada no bairro Bertoldo, onde mãe e duas filhas morreram vítimas de deslizamento de terra em janeiro de 2010.

O anúncio será feito às vésperas do período de chuvas de verão, o que deverá atrasar as obras e sem tempo de impedir que novos deslizamentos de terra venham a ocorrer em pontos críticos. De acordo com o prefeito Clóvis Volpi (PV), os trabalhos serão concluídos em seis meses.

Apesar de admitir que as obras não estarão prontas a tempo para o período de chuvas, Volpi afirma que o perigo é apenas "material" e que a população não precisa ficar preocupada. "Risco material existe. Se o morro descer, claro que as construções podem ser afetadas. Mas garanto que não há risco de perder vidas humanas", enfatiza o prefeito.

A demora no processo de licitação, segundo ele, se deu por entraves jurídicos. "Houve impugnações que levaram o processo à Justiça, mas agora podemos iniciar as obras", argumenta. Volpi, no entanto, não determinou prazo para o começo dos trabalhos.

Serão R$ 3.044.649 em recursos firmados em janeiro ano com o governo federal, oriundos do RNCD (Restabelecimento de Normalidade no Cenário de Desastres). As obras também contam com contrapartida de R$ 900 mil da Prefeitura.

TRAGÉDIA

A Rua Anchieta foi palco da maior tragédia do último verão na cidade. No dia 21 de janeiro de 2010, a confeiteira Ana Alice de Oliveira Santos, 36 anos, e as filhas Ana Maria, 13, e Ana Lídia, 9, dormiam em casa quando um barranco localizado atrás do imóvel deslizou, por volta das 8h.

O marido de Ana Alice e pai das crianças, o funcionário público Manoel Bispo dos Santos, que escapou por pouco do desastre pois tinha acabado de sair para trabalhar, hoje vive em Mauá.

"Foi uma grande tragédia, para toda a família. Os pais de Ana Alice também se mudaram. A casa está condenada", explica o funcionário público Pereneuto Silva, 50, cunhado da vítima. Vizinho do local onde as três pessoas morreram, ele teme novo deslizamento de terra. "Meu pai teve de construir um muro no fundo do terreno, por medo do barranco descer novamente. Se não forem feitas logo as obras, com certeza há risco de novas mortes", afirma.

A dona de casa Josi Cordeiro, 51, também moradora da Rua Anchieta, conta que engenheiro da Defesa Civil esteve no local há um mês. "Ele disse que as obras devem começar logo. Tranquila não posso ficar, já que tenho medo de desmoronamentos. Mas não tenho outro lugar para ir." No ano passado, a terra invadiu os fundos da casa, destruindo a área da churrasqueira e matando o cachorro da família. Segundo a dona de casa, os prejuízos foram de cerca de R$ 10 mil.




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