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Mauá, Ribeirão Pires e a autonomia

Em plebiscitos realizados em 22 de novembro de 1953, os distritos de Mauá e Ribeirão Pires separam-se do município de Santo André. Abria-se caminho para que a região passasse a contar com cinco municípios

Por Ademir Medici
Do Diário do Grande ABC
18/12/2020 | 00:01
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Dois exemplos:
São Bernardo,
São Caetano

Mauá e Ribeirão Pires lutavam pela emancipação desde a década de 1940.

O exemplo de São Bernardo, que reconquistou a autonomia por decreto em 1944, e o exemplo de São Caetano, por meio de plebiscito em 1948, eram espelhos seguidos e divulgados pelos autonomistas de Mauá e Ribeirão Pires. Mais ainda: no pós-guerra se falava na necessidade de criação de novos municípios, distritos e comarcas no Estado de São Paulo e esse noticiário era uma motivação a mais para que os autonomistas mauaenses e ribeirão-pirenses levassem adiante o ideal da emancipação político-administrativa.

953, ano quinquenal
E a posição de Zampol?
Até São Paulo elegeu um prefeito

251 – A história também se fazia presente: Felício Laurito e Fioravante Zampol, ambos nascidos e residentes em Ribeirão Pires, chegaram a prefeitos de Santo André. Lideranças no eixo Mauá-Ribeirão Pires não faltavam para que os dois distritos conquistassem a autonomia.
252 – Em 1946 já estava em atividade a Sociedade Amigos do Distrito de Mauá, que lutava por melhoramentos públicos básicos junto à Prefeitura de Santo André. Ribeirão Pires, igualmente, dizia-se esquecido pelas autoridades andreenses. Administrativamente, Santo André mantinha subprefeituras em Mauá e Ribeirão Pires, nomeando subprefeitos locais.
253 – Em Mauá, a luta pela emancipação ganhou impulso com a criação do jornal <CF160>Folha de Mauá</CF>, distribuído gratuitamente a cada 15 dias.
254 – A possibilidade de criação de novos municípios era quinquenal. A cada cinco anos poderiam ser oficializados pedidos de criação de novas comunas. E 1953 era ano quinquenal.
255 – A primeira tarefa era conseguir aprovação da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo para a realização de plebiscitos. Uma luta de bastidores. A causa de Ribeirão Pires, na Assembleia Legislativa, foi defendida por deputados como Rogê Ferreira, Pinheiro Junior e Ariosto Guimarães; a voz maior em favor de Santo André, e contra mais duas separações, vinha de Antonio Flaquer, ex-prefeito, agora deputado estadual.
256 – Uma posição delicada era a do prefeito Fioravante Zampol, à frente do Executivo andreense, na sucessão de Tonico Flaquer, pelos laços familiares e profissionais que tinha com o distrito de Ribeirão Pires. Como prefeito de Santo André, que posição Zampol teria em relação aos ideais do seu Ribeirão Pires e de Mauá? Os dois distritos possuíam representantes vereadores na Câmara de Santo André, e nem todos aparecem no rol dos autonomistas.
257 – “Fioravante Zampol representou Ribeirão Pires na Câmara de Santo André, quando passou quatro anos como presidente. Saiu candidato a prefeito depois e nos convidou a sair candidatos a vereador. Ribeirão Pires tinha 400 votos e conseguiu eleger nós quatro – Arthur Gonçalves de Souza Junior, Francisco Arnoni, Benedito de Castro e eu (Osmar Carpinelli). Dos quatro, eu deixei a política, Castro foi reeleito, Arthur foi eleito prefeito de Ribeirão Pires e Arnoni, o segundo prefeito da cidade” (cf. Osmar Carpinelli, natural de Ribeirão Pires, escrivão na cidade, em depoimento à Memória).
258 – Em 1996, quando Memória reorganizou o Museu Municipal Família Pires, localizamos uma placa de bronze no saguão da Biblioteca Olavo Bilac com os nomes dos autonomistas de Ribeirão Pires. Entre eles, um Zampol, Zeferino Zampol, e os três futuros prefeitos, Arthurzinho, Francisco Arnoni e Santinho Carnavale.
259 – Já em Mauá, o presidente da Sociedade Amigos de Mauá, engenheiro Egmont Fink, líder maior do movimento autonomista local, tentou duas vezes ser prefeito, sem conseguir. Em 1997, 44 anos após o movimento de 1953, fomos encontrar Fink em Amparo, Interior de São Paulo. Gravamos com ele. Recebemos dele uma segunda fita com a sua versão sobre o movimento autonomista de Mauá. Material riquíssimo para a história das eleições municipais do Grande ABC.
260 – Em 1953, ano dos plebiscitos em Mauá e Ribeirão Pires, quando São Caetano foi às urnas e elegeu o prefeito Anacleto Campanella, houve também eleição municipal em São Paulo. O pleito paulistano, em 22 de março de 1953, foi o primeiro para eleição direta para prefeito e vice-prefeito pós-Revolução de 30 e Estado Novo. Ganharam: Jânio Quadros (prefeito) e Porfírio da Paz (vice). Os novos vereadores de São Paulo foram eleitos somente em 1955. Como se observa, um calendário eleitoral diversificado, sem coincidência de datas entre todos os municípios, incluindo-se a Capital.

Diário há meio século

Sexta-feira, 18 de dezembro de 1970 – ano 13, edição 1413

Manchete – Um milhão de dólares para Santo André
O professor Nelson Zanotti, diretor da Faculdade de Filosofia, buscava recursos para a construção do Centro de Treinamento Básico para professores primários em ciências, no Sítio Tangará.
São Caetano – Um presépio gigante era montado na Praça dos Estudantes.
- Denise Namur, 9 anos, de São Caetano, vencia o concurso MiniMiss-São Paulo.
 

Em 18 de dezembro de...

1920 – Anúncio: vende-se uma cava de kaolin (o minério caulim). Trata-se com Archinto Ferrari, em São Caetano.
1953 – Promulgada a lei estadual número 1.420, que cria a comarca de Santo André, com abrangência sobre toda a região.
1955 – Pelo Campeonato Paulista da Segunda Divisão de Profissionais: em Santos, Portuguesa Santista x Corinthians de Santo André.
1975 – Uma placa em homenagem ao centenário da imigração italiana no Brasil é inaugurada no monumento dedicado à colônia, na Avenida Perimetral, em Santo André.
2005 – O São Paulo FC ganha do Liverpool e conquista o seu terceiro título mundial.
 

Hoje

- Dia Internacional do Migrante. Ou Dia Internacional das Migrações. Celebrado anualmente a 18 de dezembro. A data foi proclamada em 2000 pela Assembleia Geral das Nações Unidas, sendo celebrada neste dia desde então.</CW>

Santos do Dia

- Nossa Senhora do Bom Parto
- Vunibaldo (701-761).
- Graciano

NOSSA SENHORA DO Ó. Ou Nossa Senhora da Expectação. Geralmente, representa a Virgem Maria com seu ventre sagrado desenvolvido, tendo as mãos sobre o peito, e no ventre as inscrições JHS. O mais importante é lembrar que os Ós de Maria estavam carregados da certeza de estar trazendo em seu ventre a esperança de um povo
 

Município Paulista

- Aniversaria hoje: Sete Barras. Elevado a município em 1959, quando se separa de Registro.
 




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