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Cativeiro de Celso foi vendido por R$ 12 mil
Por Juliana Gattone
Do Diário do Grande ABC
05/12/2003 | 01:01
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A chácara em Juquitiba utilizada como segundo cativeiro do ex-prefeito de Santo André Celso Daniel (PT) foi vendida há dez meses para uma família. O local foi utilizado pela quadrilha liderada por Ivan Rodrigues da Silva, o Monstro, que primeiro levou o prefeito a um imóvel abandonado, que havia sido o Bar do Mineiro na favela Pantanal, na divisa entre São Paulo e Diadema.

O Diário apurou que o local, que tem acesso pela estrada do Vargero (no quilômetro 312,5 da rodovia Régis Bittencourt), em Juquitiba, foi vendido por apenas R$ 12 mil e que o dono do imóvel aceitou como entrada uma Kombi.

Os novos donos da chácara não foram informados pelo proprietário antigo que o local tinha sido utilizado como cativeiro do prefeito. Na véspera da assinatura do contrato – que até quarta-feira não tinha sido assinado pelo dono –, em fevereiro, os interessados descobriram através de uma pesquisa com os moradores da região sobre a história. “Quase desistimos, mas após conversar com o proprietário – que reduziu o preço de R$ 15 mil para R$ 12 mil – e descobrir que o prefeito não havia sido morto no local, decidimos ficar”, diz a atual moradora.

O antigo proprietário não foi encontrado pela reportagem do Diário para falar sobre a quadrilha que alugou o imóvel.

A casa foi alugada pelos seqüestradores por R$ 450 pelo período de 15 dias. O local era precário e sujo, sem água e sem energia elétrica. Havia até uma mesa de bilhar na casa, onde um tapume servia como porta.

O Ministério Público investiga a possibilidade de o prefeito ter sido torturado e morto no local e, só depois, ter sido levado para estrada das Cachoeiras, onde o corpo foi encontrado.

Para chegar na chácara, é preciso pegar uma estrada de terra irregular, cheia de buracos, e depois seguir placas indicando o local conhecido como Mandarim. Os vizinhos comentaram que ninguém era visto no local. “Apenas alguns vultos dentro da casa eram distingüidos, mas eles não faziam barulho. Eram discretos”, disse um deles. Eles contam que os carros chegavam apenas de madrugada, sem farol ligado.

Um vizinho dos fundos emprestou a luz para os bandidos na época, mas como eles não pagaram, ele não quis fazer o mesmo favor para os novos moradores. “Ele falou que o bando deu muito trabalho”, disse a nova moradora.

Dois anos depois, o local está bem diferente. Na época do seqüestro, o mato alto e abundante dificultava o acesso à casa e 'protegia' os criminosos dos olhares curiosos da vizinhança, além da falta de energia elétrica – que era emprestada por um vizinho dos fundos da casa e tinha apenas um ponto, na entrada da casa.




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