As fortes dores na coluna e a dificuldade para caminhar fizeram com que o operador de torno da TRW Automotive, Ricardo Sampaio de Macedo, entrasse no auxílio doença do INSS (Instituto Nacional de Seguro Social) há cinco anos. Apesar disso, há 11 meses ele não consegue renovar o benefício junto ao órgão, que ignora os laudos médicos apresentados, e já indeferiu o pedido seis vezes seguidas.

“Eles dizem que eu estou apto para trabalhar. Não é verdade, possuo laudos que mostram que não tenho a mínima condição de operar um torno”, diz.

Ricardo faz tratamento médico para cuidar de uma úlcera na coluna, passou por uma cirurgia no fim do ano e não consegue segurar objetos pesados.

Sem poder retornar ao trabalho, o funcionário teve de abandonar a casa alugada e ir morar com os pais. A esposa, desempregada desde dezembro, já não consegue comprar os medicamentos.

“Tenho dois filhos para criar. As contas estão atrasando e pelo jeito vai ficar pior. O INSS tem má vontade e não ajuda quem realmente precisa.”

OMISSÃO - De acordo com a advogada previdenciária, Elisabeth Pires Bueno Sudatti, omissões como esta estão se tornando frequentes. “O INSS está dando alta para muitas pessoas que não têm condições de voltar ao trabalho.Tenho dois clientes com o mesmo problema”, afirma.

Ela explica ainda, que em casos de auxílio-doença, a empresa em que o funcionário trabalha também fica em situação delicada.

“Os funcionários, muitas vezes cobram delas alguma ajuda. Mas este respaldo é obrigatoriedade do Estado. É claro que há muitas empresas que possuem programas deste tipo, mas não é uma regra”, explica Elisabeth.

O INSS respondeu, por nota, que está analisando um novo pedido feito pelo beneficiário e afirma que “ Ricardo não mais apresenta limitações ou seqüelas que impossibilitem o retorno ao trabalho”.