A construção de Brasília, o nascimento da indústria automobilística, as transições presidenciais... Começa a vir a público o desenvolvimento do Brasil documentado pelo olhar do fotógrafo e cineasta Jean Manzon (1915-1990).

Cerca de 8.300 negativos de fotos e 752 filmes passaram por restauração nos últimos dois anos. Para comemorar a finalização do processo, parte do acervo será apresentada ao público de hoje a sexta-feira, na Mostra Jean Manzon de Cinema, no Centro Cultural Banco do Brasil (tel.: 3113-3650), em São Paulo.

Serão apresentadas 34 produções realizadas entre as décadas de 1950 e 1980 em formato digital. A produção O Novo Brasil terá exibição em 35mm.

No futuro, a meta é disponibilizar as imagens por meio de um site. “Temos a maior história documentada sobre o desenvolvimento brasileiro, mas cerca de 90% da população não tem conhecimento da existência do acervo”, afirma Wagner Labs, jornalista e coordenador do processo de restauração, que contou com o patrocínio da Petrobras, via Lei Rouanet.

Os primórdios da indústria automobilística no País, que necessariamente passam pelo Grande ABC, estão entre os registros em destaque.

Para Labs, Manzon tinha o olhar de um grande profissional da fotografia e mesmo os documentários apresentam grande preocupação estética. “Os filmes dialogam com o Brasil da época, com a realidade”, diz Wagner.

“A revitalização dos filmes permite trazer vida às cores”, diz Luan Montmart, colorista do projeto. A maior surpresa no processo de digitalização foi o ótimo estado de conservação dos filmes. Apenas 7% foram perdidos. “Manzon só trabalhava com o que havia de melhor em termos de material na época”, conta Montmart.

Foram privilegiados os filmes autorais e institucionais. Os famosos cinejornais (feitos para serem exibidos antes das projeções de longas comerciais) ficarão para uma próxima etapa.