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Comunidade teme fim de aulas à noite em unidade estadual de Mauá

Estudantes dependem de ensino noturno para conciliar trabalho e cursos

Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
26/11/2019 | 07:00
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André Henriques/DGABC


Trabalhar e estudar – ou mesmo fazer algum curso técnico no contraturno escolar – são a realidade de muitos estudantes brasileiros. Para isso, normalmente, os alunos cursam o ensino regular no período noturno. Na EE Professora Marlene Camargo Ribeiro, na Vila Assis Brasil, em Mauá, a comunidade escolar teme o fechamento das turmas de 2º ano do ensino médio para 2020, o que dificultaria que os jovens pudessem conciliar as atividades.

De acordo com professores da unidade de ensino, que pediram para não serem identificados por receio de represália, a tentativa de fechar as turmas de 2º ano do ensino médio no período noturno teve início em 2018. Naquele ano, em dezembro, havia demanda de alunos matriculados para três turmas de 2º ano e cinco de 3º ano, um total de oito salas no noturno. No entanto, em janeiro de 2019, durante a atribuição de aulas, os docentes foram surpreendidos com o fechamento de todas as salas de 2º ano. Teve início, então, intensa mobilização junto à Diretoria Regional de Ensino por parte da comunidade escolar, com o apoio da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), que resultou na abertura de uma sala.

A formação tardia da turma de 2º ano acarretou problemas, como a sala lotada, com 45 alunos, a falta de professor de artes durante todo o ano e a chegada de docente de inglês apenas no segundo semestre. De acordo com a comunidade escolar, após a atribuição de aulas, diminuiu a oferta de professores disponíveis e, por isso, os estudantes foram prejudicados. Com a mudança, ao menos 30 alunos tiveram de mudar de escola para continuar estudando à noite. O fechamento também implicou no fato de alguns professores que antes conseguiam completar sua carga horária apenas na EE Professora Marlene tivessem de dar aulas em duas ou até três escolas diferentes.

Para 2020, há demanda interna para, pelo menos, duas turmas de 2º ano no noturno, conforme professores e alunos. Um dos estudantes, de 15 anos, que vai fazer prova para ingressar no Senai (Serviço Nacional de Aprendizado da Indústria) no próximo ano, está apreensivo com a possibilidade de não abertura de salas de 2º ano no noturno. O curso é em Santo André, com início às 13h, e, segundo ele, não haverá tempo hábil se não estudar de noite – a turma da manhã tem aulas até 12h35. Outro estudante, de 16, prepara-se para ingressar no próximo ano como jovem aprendiz na empresa onde o pai trabalha, mas, para isso, também tem de cursar o 2º ano no período noturno. Os alunos também pediram para não serem identificados.

Dirigente da Apeoesp, Andre Sapanos pontuou que a não abertura das salas na escola da Vila Assis vai obrigar os estudantes a procurarem vagas em unidades distantes de suas residências. “Existe a demanda, mas a Secretaria da Educação está ignorando”, acusou. Sapanos afirmou, ainda, que a justificativa para o fechamento de salas no noturno tem sido a economia de recursos, uma vez que são poucas as turmas formadas. “Se seguissem o critério de manter apenas 25 alunos por turma isso não aconteceria. Teríamos várias salas e um ensino de qualidade”, ponderou.

Pais, alunos e professores da unidade de ensino querem que a Secretaria da Educação do Estado garanta a continuidade das aulas no período noturno na EE Professora Marlene. A pasta, por sua vez, afirmou que não procede a informação de que as salas de 2º ano noturno serão fechadas. Conforme o Estado, turmas de 2º e 3º ano estão formadas e poderão ser abertas novas salas, se necessário.

Em relação à falta de professores, a diretoria de ensino informou que faltas não justificadas são descontadas e um professor eventual é chamado para cobrir ausências. Caso não haja professor disponível no momento, é feito cronograma de reposição “de modo a não haver prejuízo pedagógico aos alunos” e que um supervisor foi enviado à escola para acompanhar a situação. O comunicado esclareceu ainda que aequipe gestora da unidade e equipe da regional de ensino “estão à disposição dos responsáveis pelos alunos para quaisquer esclarecimentos”.
 




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