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PTB queria Tortorello na disputa para governador
Giba Bergamim Jr.
Kléber Werneck e
Roney Domingos
Do Diário do Grande ABC
19/12/2004 | 13:15
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A morte do prefeito de São Caetano, Luiz Olinto Tortorello (PTB), também enterrou um de seus mais importantes projetos políticos: ser governador do Estado São Paulo. Sábado, durante o velório no Palácio da Cerâmica, sede da Prefeitura, o ex-governador e atual secretário geral do PTB, deputado Luiz Antônio Fleury Filho, afirmou que Tortorello seria o candidato do partido nas eleições de 2006. "Estava tudo encaminhado para que isso acontecesse. As chances eram de 90%", revelou Fleury.

Pouco antes de ser internado no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, o próprio Tortorello dava pistas de que articulava a candidatura. Em entrevista exclusiva ao Diário em 11 de novembro, o prefeito comentou a possibilidade: "Serei candidato a deputado federal, mas se o cavalo passar arreiado, concorro ao governo do Estado."

Fleury contou que as conversas para consolidar a candidatura se intensificaram quando Tortorello ameaçou deixar o PTB, no início do ano. O prefeito recebeu convite para ser candidato do partido que resultasse da fusão entre o PDT e o PPS. Para não perder uma de suas principais lideranças, o PTB ofereceu a chance de ele concorrer ao cargo pela legenda. "Em reunião com ele, pedi para que ficasse no PTB, pois seria nosso candidato em 2006", afirmou.

O ex-governador disse que a morte de Tortorello deixa grande lacuna no PTB, e que agora a legenda não tem mais certeza se lançará candidato próprio nas eleições para governador. "Vamos ter que nos reorganizar e repensar nossos projetos. Mas é certo que não temos outro nome como o de Tortorello", afirmou.

O prestígio de Tortorello junto ao alto escalão dos partidos de tendência centro-direita pôde ser medido pelo grande número de personalidades que estiveram presentes no velório. Na sexta-feira, o governador Geraldo Alckmin foi pessoalmente levar suas condolências à família. Neste sábado, foi a vez do vice-governador, Cláudio Lembo (PFL). "Conheci Tortorello em 1976, quando se candidatou pela primeira vez a deputado estadual. O vigor e a vontade dele de trabalhar eram impressionantes", disse Lembo.

Outro membro do governo estadual que também se despediu de Tortorello neste sábado foi o secretário de Educação, Gabriel Chalita. "Ele (Tortorello) era o único prefeito que me ligava para saber o que podia fazer para melhorar uma escola, colocar um telhado, pintar uma sala de aula. Geralmente só me ligam para pedir algo", recordou.

O prefeito eleito de São Paulo, José Serra (PSDB), também esteve presente. Chegou no final do velório e ficou pouco tempo. O suficiente para cumprimentar parentes do prefeito e correligionários de São Caetano. Em especial, o filho Marquinho Tortorello, que será seu secretário de Esportes a partir de 1º janeiro. Depois, saiu pela porta dos fundos. O deputado federal Aloysio Nunes Ferreira (PSDB), que será secretário de Governo de Serra, deixou o Palácio da Cerâmica pouco depois do prefeito eleito. Aloysio foi deputado estadual no mesmo mandato que Tortorello e ambos faziam parte da comissão de Constituição e Justiça. "Tortorello era de uma sabedoria muito grande, senso prático e competência. É um dos fundadores de uma escola moderna de administradores", afirmou.

As lideranças regionais também marcaram presença. O prefeito de São Bernardo, Willian Dib (PSB), foi ao velório nos dois dias. Dib lamentou a morte do colega, afirmando que o Grande ABC perde um de seus maiores nomes. "A região perde um grande homem público." Até adversários de Tortorello estiveram presentes, como o deputado federal Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho (PT). "Temos de saber separar as coisas, assuntos políticos e assuntos pessoais. E o Tortorello foi uma excelente pessoa", afirmou o deputado, que lembrou ainda que um dos irmãos do prefeito, Jaime Tortorello, é filiado ao PT.




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