Política Titulo Entrevista
‘Quero Pinheiro de volta ao PTB de São Caetano’

Presidente do PTB no Estado, o deputado Campos
Machado oficializou convite para volta do prefeito

Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
15/11/2016 | 07:00
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Ari Paleta/DGABC


Presidente do PTB no Estado, o deputado paulista Campos Machado oficializou convite para o retorno do prefeito de São Caetano, Paulo Pinheiro, hoje filiado ao PMDB. Também projetou a volta do ex-prefeito de Ribeirão Pires Clóvis Volpi, como parte do plano de fortalecer a legenda rumo à eleição de 2018.

Em visita à sede do Diário, Campos avisou que quer Pinheiro à frente do diretório petebista para reconstruir o partido em São Caetano. “Se ele aceitar o convite, que eu já fiz, seria motivo de orgulho e honra. Ele já deveria ter sido o candidato pelo partido em 2012. Só não foi por motivos que todos conhecem”, disse o deputado, lembrando o fato de Pinheiro ter sido preterido por José Auricchio Júnior (PSDB), que lançou Regina Maura Zetone como prefeiturável à ocasião.

O dirigente comemorou os números do PTB na região e projetou o futuro de cidades onde a legenda saiu derrotada, em especial em São Bernardo. Ele já estimou que a sigla estará na base de sustentação do prefeito eleito, Orlando Morando (PSDB). “Sou contra a postura de vereadores de ser oposição por oposição. O prejudicado é o vereador. Não gostaria de ver o PTB na oposição em São Bernardo. Perdemos as eleições. O mais razoável é que a gente ajude o prefeito eleito.”

Confira entrevista abaixo.

Qual balanço o sr. faz do desempenho do PTB na região, que elegeu dois vice (Luiz Zacarias em Santo André e Gabriel Roncon em Ribeirão Pires) e cinco vereadores?
Desde que sou presidente do partido e secretário geral (nacional), o partido teve crescimento muito grande. Fiz projeto em 2015 para que o partido fosse criado em todo município do Estado. Era projeto político: disputar o máximo de eleições com prefeito ou vice. Conseguimos eleger, entre prefeitos e vice, 150 nomes no Estado. Saímos do sétimo lugar no Estado e passamos para o terceiro. O PSDB é o partido do meu amigo, meu irmão Geraldo Alckmin, partido do governo. O segundo é o PMDB, do presidente Michel Temer. Os dois caíram em percentual, e nós crescemos 22%. No Grande ABC, só tive problemas em Diadema, onde vamos reformular tudo por lá. Em Santo André tivemos êxito e elegemos o vice na chapa de (Adler) Kiko (Teixeira, PSB, em Ribeirão Pires). Infelizmente perdemos em São Bernardo (Admir Ferro), Rio Grande da Serra (Mauro da Autoescola) e Mauá (Cléber Broch). Tínhamos previsão em São Paulo de lançar a Marlene. Tínhamos feito pré-composição com o PMDB, era fato inédito lançar duas mulheres (Marta Suplicy foi a prefeiturável do PMDB). Chegaram a tirar fotos juntas. Depois houve articulação brasiliense, sem interferência do Michel Temer, no sentido de o Andrea Matarazzo (PSD) ser vice (da Marta). Nos colocou em situação difícil porque era fim de julho, tínhamos convenção. Entramos numa grande aventura, que era ser vice do Celso Russomanno (PRB) com pendência no STF (Supremo Tribunal Federal). Ele venceu a batalha jurídica e começamos a campanha em 15 de agosto. Houve equívoco colocar como coordenador de campanha um deputado (federal) do Guarujá (Marcelo Squassoni, PRB). Ele é bom sujeito, mas não conhece a Capital. Infelizmente uma eleição que estava em nossas mãos se esvaiu por equívoco do meu amigo, meu irmão Celso Russomanno sobre leis trabalhistas (Russomanno, ao falar sobre mudanças na CLT, disse que se externasse opinião a candidatura iria naufragar). Dali a gente caiu.

O sr. já anunciou apoio à candidatura presidencial do governador Geraldo Alckmin (PSDB). No plano estadual, qual será a postura do PTB?
Tenho carinho especial por ele (Alckmin). É meu amigo, meu irmão. O Roberto Jefferson será candidato a deputado federal em São Paulo. A filha dele, a Cristiane Brasil, é candidata a deputada pelo Rio de Janeiro. O Roberto vem para este projeto de dar mais sustentação ao Geraldo em São Paulo. Nós podemos ter candidato próprio.

Há uma articulação do PSB de lançar o vice-governador Márcio França em 2018 com apoio do PSDB. O PTB apoia esse movimento?
Não há hipótese. Isso é zero. Queremos disputar a eleição ao governo do Estado. Mas podemos nos sentar com partidos que vão apoiar o Geraldo a presidente e definir ali uma chapa. Teremos quatro cargos (majoritários): governador, vice e dois senadores. Seguramente não estaremos fora dessas quatro vagas. Há movimento no interior do Estado para que eu seja candidato a governador. O que tem hoje é orgulho, nós plantamos orgulho de as pessoas serem filiadas ao PTB. Vamos trazer muitos prefeitos para o PTB. Eles veem no PTB possibilidade de futuro. Eu trabalho com princípio da lealdade. Quando estou no Guarujá debaixo do guarda-sol tomando guaraná não preciso de amigo nenhum. Amigo é para horas de sofrimento, de incertezas.

O sr. acredita que o PSDB deixará de ter candidato a governador para apoiar algum partido aliado em 2018?
É muito difícil acontecer. Dificilmente o PSDB vai aceitar essa parceria com o PSB. Qual explicação que tem de se apoiar o Márcio França e não apoiar outro partido aliado? Se nosso partido foi o que mais cresceu no Estado, por que nós não podemos indicar o candidato? Há um raciocínio de que o PSB vai apoiar o Geraldo nacionalmente. E nós não? Nós já fechamos o apoio. O que falo aqui é palavra do presidente estadual e do secretário nacional. O próprio Roberto Jefferson tem ligação afetiva com o Geraldo.

Qual será o plano regional do PTB para frente? Há especulações sobre filiações do Claudinho da Geladeira (PT-Rio Grande da Serra) e do Clóvis Volpi (ex-PSDB-Mauá), por exemplo.
Independentemente do resultado e das questões jurídicas que envolvem São Caetano, gostaria que Paulo Pinheiro (prefeito de São Caetano pelo PMDB e que perdeu a reeleição para José Auricchio Júnior, do PSDB) retornasse ao PTB para ajudar a reconstrução do partido. Acho difícil trazer o Claudinho. Montaremos grupo muito forte em Rio Grande da Serra. Em São Bernardo vamos fazer análise. Vamos reformular totalmente Diadema. Em São Paulo fomos bem, a situação é favorável. Todo mundo fala que o Celso foi carregado pelo PTB, e é verdade. Há expectativa de virem mais políticos locais e regionais.

Em Mauá, muito se falou sobre a possibilidade de o prefeito Donisete Braga (PT) mudar para as fileiras petebistas, convite esse que foi feito antes da eleição. Essa sondagem será refeita?
Eu o convidei à época. Como ele não aceitou, optando por ficar até o fim no partido que o lançou, pagou alto o preço disso. Vamos estruturar o partido. O candidato a vice, o Cléber, fez bom trabalho. Vamos conversar com o vereador eleito (Ricardinho da Enfermagem) e com o presidente do partido (Eugênio Rufino), que é meu amigo, que não teve a felicidade de ser reeleito. O Clóvis Volpi pode voltar. Eu já o convidei, inclusive. Disse que ele foi emprestado ao PSDB e eu o quero de volta, porque não pagaram o preço do passe dele. Viria para compor.

A estratégia é lançar o Volpi a deputado em 2018?
Eles poderão escolher. O Clóvis, o Eugênio, o Cléber. Não haveria problemas.

Para o Donisete a chance do convite já passou?
Acho muito difícil (ele ir à sigla) porque conheço muito bem o Donisete, é meu amigo. Ele tem vínculos efetivos e históricos com o PT. Não sei como é que ele vai conviver com esse problema se ele quiser permanecer no mundo político.

Em São Bernardo, o PTB elegeu Aurélio de Paula, pela chapa do deputado federal Alex Manente (PPS). Qual orientação? Ficar na oposição ou dar sustentação ao prefeito eleito, Orlando Morando (PSDB)?
Sou contra à postura de vereadores de ser oposição por oposição. O prejudicado é o vereador. As eleições acontecem de quatro em quatro anos. Tudo pode mudar nesse tempo. O Morando sempre conversou comigo, até sobre a possibilidade de o PTB indicar o vice. Mas eu já havia dado a palavra. E eu não volto atrás. Comigo palavra dada é flecha lançada, não volta mais. Não gostaria de ver o PTB na oposição em São Bernardo. Perdemos as eleições. O mais razoável é que a gente ajude o prefeito eleito.

Sobre esse convite ao prefeito Paulo Pinheiro, a ideia é fazer dele a grande liderança da legenda em São Caetano?
Quero que ele capitaneie o PTB. Se ele aceitar o convite, que eu já fiz, seria motivo de orgulho e honra. Ele já deveria ter sido o candidato pelo partido em 2012. Só não foi por motivos que todos conhecem (à época, Auricchio, no PTB, optou pela candidatura de Regina Maura Zetone). A mim, o Nilson (Bonome, do PMDB) também me agrada muito, podendo sair candidato (em 2018). É pessoa correta. Gosto muito dele.

Decepcionou o resultado em São Caetano de não eleger vereadores, apesar da discussão jurídica sobre Paulo Bottura (PTB)?
Tinha expectativa de o Paulo Pinheiro vencer, pela diferença conferida ao prefeito eleito (Auricchio). Mas é questão pequena. Isso (não eleger vereadores) se deveu à posição de alguns petebistas que fingiram que queriam ter candidato próprio, mas já tinham composto com o prefeito eleito agora. Eles foram à imprensa dizer que eu era traidor do partido. Porque eles queriam que o partido negociasse, por meios escusos. O PTB, enquanto eu for presidente, não aceita esse baixo nível na política.

Esses filiados aos quais o sr. se refere serão expulsos?
Se não saírem vão sair (expulsos). Vários políticos da cidade me procuraram para falar que a derrota do prefeito eleito era fundamental, até pela memória do nosso companheiro do PTB prefeito (Luiz Olinto) Tortorello (morto em 2004). Repentinamente eles se uniram ao prefeito eleito. Por quais motivos? Atrás de empregos, de espaços? Eles levaram a candidatura (própria) até o máximo, até quando eu intervi para o apoio ao Paulo Pinheiro. Eles não tinham a intenção (de lançar nome próprio). Agora eles não têm saída. Ou saem ou expulso. 




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