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Nos trilhos da memória
Por Adriana Feder
Especial para o Diário
28/11/2010 | 07:00
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As cidades do Grande ABC possuem identidades culturais próprias, mas a inter-relação entre elas compõe uma história em comum da região e lhes confere um caráter especial. Dar uma amostra dessa diversidade e riqueza cultural é a proposta de 'Águas, Trilhos e Manacás - As Cores da Memória' (Ed. Bartira, 112 páginas), livro documental que traz histórias de artistas e grupos artísticos da região.

O autor do livro é o historiador andreense Marcelo de Paiva, 26 anos. Ele pesquisou artistas anônimos e conhecidos, com as formas mais variadas de arte, desde arquitetura até cinema, passando por artes plásticas, literatura, dança, música e teatro. "Como sou pesquisador e morador da região, pude usar todos os recursos que eu tinha nesses dois lados para poder identificar as manifestações artísticas", afirma.

Paiva reuniu todo o material para a elaboração do trabalho em apenas três meses. "Escolhi tanto grupos que já não existem mais, e que só é possível conhecer por registro ou depoimentos, quanto pessoas que estão ativíssimas ainda", conta.

Cada capítulo é dedicado a uma cidade. Parte da vila histórica de Paranapiacaba e segue para Rio Grande da Serra, Ribeirão Pires, Mauá e Santo André. O leitor é conduzido como numa viagem de trem, já que elas são apresentadas na ordem do trajeto ferroviário. O trem foi responsável por trazer pessoas de várias partes do País e da Europa para a região, fator fundamental para diversidade cultural que se formou.

'Águas, Trilhos e Manacás' ainda traz uma descrição da paisagem da região e a cultura inserida nela, o que justifica o título. "As águas, por causa da importância dos mananciais, como o Rio Tamanduateí. E manacás pela Mata Atlântica que temos aqui", explica Paiva.

A publicação também é recheada de fotos, algumas feitas pelo próprio autor, outras cedidas por museus, colecionadores ou pelos próprios artistas. Outro mérito da narrativa é o seu caráter educacional. Há um glossário em algumas páginas para explicar alguns termos menos conhecidos relacionados à arte, pensado para o público escolar.

O livro foi distribuído em escolas e bibliotecas municipais da região, onde pode ser consultado. Também está disponível para download grátis no site da empresa Solvay Indupa (www.solvayindupa.com.br), que viabilizou o projeto.

Os depoimentos de memorialistas da região tiveram papel fundamental no projeto. "Em geral idosos, eles são referências importantes de cada cidade. É de muito valor a preocupação que eles têm de deixar esse legado preservado de alguma maneira", afirma o pesquisador. E emenda uma análise: "Seria importante que houvesse iniciativas mais consistentes para preservar as histórias e o acervo particular que eles possuem, para que isso não se perca com o tempo".




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