"O Ministério Público não tem uma atuação política", reagiu o promotor Roberto Wider Filho às declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com críticas aos promotores que investigam a morte do prefeito de Santo André Celso Daniel. A fala do presidente durante entrevista a emissoras de rádio irritou o procurador-geral da Justiça de São Paulo, Rodrigo César Rebello Pinho. Segundo ele, foi o presidente, ao se manifestar sobre o tema, que tornou "política uma questão que deve ser analisada exclusivamente no âmbito jurídico".

Para Wider, que é um dos promotores responsáveis pela investigação da morte de Celso Daniel, "o MP nunca disse que o assassinato do prefeito foi político, ocorreu sim no desarranjo do esquema de corrupção em Santo André". Dessa forma, o promotor respondeu a afirmação de Lula de que tem convicção sobre a tese de crime comum.

"O presidente formou opinião sem ter estudado o processo e não está bem informado, talvez apenas baseado em sua assessoria", opinou Wider. O promotor disse que o MP de Santo André está à disposição do presidente para que ele tenha acesso a todas as provas produzidas. A tese dos promotores é que se trata de um crime de mando. Segundo Wider, o "Brasil ou está em ano eleitoral ou às vésperas e o MP não se pauta por esse calendário".

O deputado federal Ivan Valente (P-SOL) defende que as investigações continuem porque há, segundo ele, ainda muitas dúvidas. O parlamentar lembra o senador Eduardo Suplicy (PT) que retomou o caso para averiguar o que realmente ocorreu. "Assim como foi prematuro dizer que se trata de crime comum, é prematuro dizer que é crime político", diz Valente.