"Se faço jazz hoje, meu pai é o responsável", afirma Bruno, que na infância encantava-se com os discos de jazzistas como Count Basie e Oscar Peterson. Mais tarde teria outro significativo contato com o jazz, feito por uma nova geração, com Coltrane, Charles Mingus e outros. Eles foram-lhe apresentados por colegas de república, logo que chegou a São Paulo vindo de sua cidade natal, Goiânia. "O jazz me marcou de uma forma que eu nunca esqueci", diz Bruno.
Foi pouco antes de mudar-se para Londres - onde viveu nos últimos cinco anos - que Bruno fez os primeiros esboços do que viria a ser este Lovely Arthur. Trabalhou com o Reason, compondo arranjos com instrumentos virtuais. Mas os ares londrinos, somados à sua experiência pessoal - casamento com a cantora Patrícia Marx e o nascimento do filho Arthur - mais a aproximação com o budismo o levaram a outro caminho artístico. "O disco veio como resposta para mim".
Com as composições em mãos, Bruno retornou ao Brasil e entrou em estúdio. Chamou uma equipe de feras e deu a eles a liberdade da improvisação, como reza a cartilha do jazz. "Cada músico acrescentou um pouco de si. Com o Márcio Negri (co-produtor) houve uma empatia grande, porque ambos apreciamos o avant-garde e o spiritual jazz".
Bruno reconhece que a música eletrônica tem forte influência neste trabalho. "O disco mantém a ambiência do jazz, mas é mais minimalista, tem repetições. Trabalho de forma eletrônica na construção, mas com uma instrumentação acústica", afirma.
Ele não tem a pretensão de revolucionar o gênero e tampouco de agradar aos mais ortodoxos apreciadores do jazz. Mas quer apontar caminhos. "Os ortodoxos talvez não gostem, mas não tenho o que esperar deles. Tento ser o mais contemporâneo possível, e isso demanda um certo choque. Se isso não ocorre, é porque alguma coisa está errada", diz.
Lovely Arthur é um lançamento prioritariamente dirigido ao público europeu. E Bruno E já foi tema de reportagens em veículos como Echoes, Jazzwise e Straight no Chaser (do Reino Unido) e Vibrations (França). O primeiro a elogiá-lo foi o DJ Gilles Peterson, em seu programa na rádio BBC 1 de Londres.
O próximo passo de Bruno será converter o trabalho de artistas nacionais - como Ed Motta, Patrícia Marx, Jairzinho e outros do cast da Trama - em discos no estilo que é a sensação em Londres, o Broken Beat. Tudo sairá pelo selo Vida Nova.
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