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Tecnologia pode causar desemprego
Michele Loureiro
Do Diário do Grande ABC
02/11/2008 | 07:13
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Apesar das perspectivas de geração de empregos no setor industrial serem positivas, especialistas estimam que, em cerca de uma década, haja retração na criação de postos. "Isto porque, como já acontece, a tendência é que as máquinas substituam a mão-de-obra humana", comenta o professor de engenharia civil e economista da Universidade de São Paulo, Ângelo Carmin.

Mesmo com os recorrentes índices positivos, - em setembro foram abertos 11 mil postos de trabalho no setor industrial paulista - o professor alega que as máquinas são mais baratas, por isso, mais interessantes para muitos geradores de emprego. "Os equipamentos não ficam doentes, não tiram férias, não ganham 13º salário", brinca Carmin.

Para entender a questão do ‘desemprego tecnológico' é preciso fazer uma retrospectiva. "O mundo já passou por três revoluções industriais, caracterizadas por transferir a carga de trabalho do homem para as máquinas. Elas iniciaram um processo de acumulação rápida de bens de capital como conseqüência da mecanização dos processos produtivos", conta o professor.

Os avanços tecnológicos que acompanharam as revoluções se tornaram parte do cotidiano. "O desenvolvimento de softwares, hardwares, cibernética, robótica e inteligência artificial trouxeram comodidade e benefícios à humanidade, porém estão contribuindo para os índices de desemprego", diz Carmin. Para o professor, o interesse básico das empresas é maximizar lucros e diminuir custos. "Por isso as máquinas são fundamentais", completa.

Apesar das inovações tecnológicas, a sensibilidade humana pode ser o grande diferencial. "As vagas podem diminuir, e com certeza a concorrência vai aumentar. Cada vez mais os trabalhadores terão de estudar e se aprimorar, afinal não irão competir somente com o colega, mas também com computadores", alerta o professor.

Região - O último levantamento do setor industrial aponta que dentre as regionais do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) no Grande ABC, a de Santo André (que reúne indústrias desse município e também de Mauá, Diadema, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra) e a de São Bernardo tiveram variação zero no mês passado - ou seja, não geraram, mas também não eliminaram postos de trabalho. A unidade de São Caetano também ficou praticamente estável (-0,1%) e em Diadema, houve pequena redução de 0,4%.

"Estamos em um momento especial, nosso foco principal é a crise financeira, somente depois desta névoa poderemos pensar na questão tecnológica. O importante é saber que o dia da ‘revolução das máquinas' vai chegar", finaliza Carmin.




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