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Férias engajadas no Projeto Rondon
Camila Galvez
Do Diário do Grande ABC
28/11/2010 | 07:16
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Gararu. Jardim das Piranhas. Xambioá. Sergipe, Rio Grande do Norte e Tocantins. Em vez de aproveitar as férias para curtir cruzeiros ou hotéis de luxo, universitários do Grande ABC estão de malas prontas para encarar o agreste nordestino no início do próximo ano. Estudantes da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC) e da UFABC (Universidade Federal do ABC) participam pela primeira vez do Projeto Rondon, coordenado pelo Ministério da Defesa, em parceria com a Secretaria de Educação do Ensino Superior, do MEC (Ministério da Educação).

A ideia é promover a integração social e a participação voluntária de universitários na busca de soluções que melhorem a vida de comunidades carentes. Além disso, o Rondon pretende aproximar os alunos das diferentes realidades que existem em um país tão grande e plural quanto o Brasil.

Para janeiro o projeto recebeu 464 propostas, sendo 151 selecionadas. As operações estão divididas em quatro grupos: Carajás (Pará e Tocantins), Rio dos Siris (Sergipe), Seridó (Rio Grande do Norte) e Zabelê (Piauí).

A estudante do 3º ano de Medicina da FMABC Bárbara Regina Negrete, 25 anos, está ansiosa para a viagem. A futura médica segue para Gararu, em Sergipe, no dia 22 de janeiro e retorna em 8 de fevereiro. Com ela, leva mais sete colegas e dois professores, protetor solar, roupas e muita disposição para dialogar. "Vamos desenvolver projetos nas áreas de cidadania, direitos humanos, Educação, Justiça e Saúde", conta.

O foco da área de Saúde, na qual Bárbara deve atuar mais ativamente, será a prevenção de doenças e a conscientização da população. "Vamos trabalhar com várias idades. A ideia não é levar atendimento, mas disponibilizar informações para os multiplicadores sociais da cidade."

Para o coordenador da Comex (Comissão de Extensão) e vice-diretor da FMABC, Marco Akerman, a experiência contribui na formação dos alunos. "Tirar o estudante do conforto da sala de aula e colocá-lo em situações nas quais ele só depende de si mesmo ajuda a enriquecer a aprendizagem para a profissão e para a vida", garante.

 

DIÁLOGO

Integrar para não entregar. Esse é o lema do Projeto Rondon, que surgiu em 1967, época da Ditadura no Brasil. Retomado em 2005 com a proposta de conviver com diferentes culturas, atraiu o aluno do Bacharelado em Ciência e Tecnologia da UFABC Rafael Yukio Okamoto Noguchi, 20 anos.

Como o trabalho requer a formação de um grupo, Noguchi convenceu o amigo Matheus Ferreira Moreira, 22, do mesmo curso. Moreira, por sua vez, trouxe Manoela Petagna, 19, para o projeto. Os três ficarão no Jardim de Piranhas, no Rio Grande do Norte, de 22 de janeiro a 8 de fevereiro.

Na mala, levam propostas para solucionar problemas como a falta de saneamento básico e destinação dos resíduos sólidos, além de criarem oportunidades com foco na ampliação da indústria têxtil, ponto forte do município. "O que vamos fazer não é as

 

Conheça a experiência de quem esteve lá sistencialismo nem imposição da nossa visão de mundo. Vamos dialogar e conhecer as reais necessidades dessas pessoas para então apresentar alternativas e provar que é possível se desenvolver sem abandonar suas raízes", explica Noguchi.

Para Manoela é a oportunidade de sair de seu "mundinho". "Não vamos ensinar. Vamos aprender." O mesmo pensa Moreira. "São Paulo é muito diferente do resto do Brasil." Outro grupo da UFABC participará da viagem para Xambioá, no Tocantins, baseado na mesma proposta de diálogo e valorização das diferenças.

É assim que o Rondon pretende continuar: sem dar o peixe, mas ensinando quem participa a compreender as inúmeras possibilidades oferecidas por nossa terra mãe gentil.

 

Conheça a experiência de quem esteve lá

 

 

A experiência de Valdireni Campos de Alcântara, 34 anos, estudante do último ano de Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas da Umesp (Universidade Metodista de São Paulo), pode ser classificada como inesquecível. Ela viajou com o Projeto Rondon em julho. O destino: Moreilândia, em Pernambuco.

Por 14 dias Valdireni teve a oportunidade de conhecer um pouco da cultura da cidade, conhecida como a Terra do Mel nordestina. "No último dia, inclusive, fizeram uma festa para os rondonistas com muito forró e comidas típicas. Uma delícia", relembra.

O mel não podia ficar de fora dos temas propostos pelo Projeto Rondon para a cidade. Valdireni coordenou a oficina sobre elaboração de projetos com o objetivo de discutir formas de profissionalizar os produtores. "A intenção deles é criar a Casa do Mel no município. Espero ter ajudado", afirma.

O diretor da Faculdade de Exatas e Tecnologia da Metodista, Carlos Eduardo Santi, acredita que os alunos que integram o projeto têm visão diferenciada da sociedade e dos problemas que alguns grupos de pessoas enfrentam fora das grandes metrópoles. "Encontrar caminhos que permitam aos nossos alunos o exercício da cidadania é nossa missão", sustenta. CG




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