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Pedreiro denuncia irregularidades em obras de R.Pires
Tathiana Barbar
Do Diário do Grande ABC
25/12/2003 | 17:59
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A Prefeitura de Ribeirão Pires está preservando um moinho do século XIX, em pleno centro da cidade e, de quebra, utilizando o mesmo espaço para a construção de uma escola e da sede da Secretaria de Educação. As obras foram iniciadas no dia 15 de outubro e a prefeitura investiu R$ 2,78 milhões no projeto. No entanto, o pedreiro Antonio Fernades de Oliveira, 55 anos, denunciou irregularidades no pagamento dos funcinários e entrou com processo contra a prefeitura, com a ajuda do presidente do PSDB de Ribeirão e candidato a prefeito, Cézar de Carvalho.

Antonio trabalhou por três meses nas obras concluídas da creche no Parque Aliança. Segundo ele, já nesta época, a empreiteira responsável pelo trabalho, passou o serviço para o pai do assistente do secretário de Obras. “Só que os pedreiros não foram registrados e não receberam o combinado”, explicou. O pedreiro contou ainda que um rapaz se acidentou durante o trabalho e o Sindicato teve de intervir para que o rapaz recebesse socorro. “Meu companheiro caiu em um buraco, furou a bexiga e ninguém queria ajudá-lo.”

Depois, Antonio foi trabalhar nas obras do moinho, tocadas por outra empreiteira local. No entanto, segundo ele, novamente as obras foram passadas para o pai do Carlão (assistente do secretário), Antonio Barbosa. O pedreiro trabalhou durante um mês (recebeu R$ 190 e o combinado foi R$ 25 por dia), quando foi chamado, junto com um colega, para fazer uns “serviços” na casa do Carlão, onde trabalhou por cinco dias.

Quando retornou às obras do moinho, ficou por mais 30 dias e resolveu dar um basta à exploração. “Isso é trabalho escravo. Eu e meus colegas estamos trabalhando de graça pra estes caras”, frisou.

O assistente do secretário de Obras, Douglas Carvalho da Fonseca, Antonio Carlos Pereira de Souza, o Carlão, rebateu as acusações do pedreiro. “Isso tudo é um absurdo. Quem cuida das obras é a empreiteira contratada pela prefeitura. É com ela que Seu Antonio precisa regularizar a situação”, explicou, reiterando ainda que o documento encaminhado à prefeitura pela empreiteira confirma que “tudo está em ordem”.

Ainda segundo Carlão, seu pai é pedreiro, mas não está trabalhando nas obras do moinho. “Eu sou o fiscal da obra, mas não cuido da parte do dinheiro. Eu desconheço estes problemas todos”, reiterou.

Inspiração – Os pavilhões originais do moinho datam de 1898. Os projetistas, da Perrone e Associados Arquitetura S/C Ltda, inspiraram-se nos modelos do Sesc Pompéia, da Pinacoteca do Estado (ambos na capital) e do Parque das Ruínas, no Rio de Janeiro, para a recuperação do moinho de três andares.

As antigas instalações industriais se transformarão em auditórios e salas de aula e de exposições, e ganharão um jardim interno. Como a área é ampla (12 mil m2), a Prefeitura está agregando às instalações do antigo moinho uma escola de ensino fundamental e a sede própria da Secretaria de Educação do Município, que terá dois andares. Estas duas obras também já foram iniciadas, mas ainda estão na fase dos alicerces.

Ao todo, os investimentos da Prefeitura de Ribeirão Pires chegam a R$ 2,78 milhões – sem considerar os valores disponibilizados para o projeto, ainda em elaboração. A desapropriação do imóvel custou R$ 630 mil.

A última indústria que ali funcionou, a Cotelessa, de moagem e refino de sal, encerrou suas atividades na década de 80. As instalações, abandonadas, estavam sendo alvo da ação de vândalos e ladrões, que conseguiram desviar portas, janelas, e outras estruturas em ferro e aço.




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