Quem mora em Santo André sabe que o desabastecimento de água se tornou problema recorrente. As queixas não estão restritas a uma única região da cidade. Seja na Vila Guiomar ou no Jardim Primavera, no entorno do Jardim Las Vegas, o problema é idêntico: torneira vazia.

Uma das moradoras que têm a vida complicada por isso é a cabeleireira Eni Teixeira Miguel, 60 anos. “Na semana passada, ficamos três dias sem água no Jardim Primavera e hoje (ontem) completamos dois dias sem abastecimento.”

Devido à situação, Eni perdeu clientes. “Elas precisavam fazer escova e, para isso, é necessário lavar o cabelo. Com a torneira seca, algo inviável.”

Mesmo com a implantação do booster (bomba que leva o líquido para os pontos mais altos da cidade), feita no mês passado pelo Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André), moradores do bairro ainda sentem o impacto da falta de água. “Por enquanto não teve diferença”, disse Eni.

A pedagoga Aracelis Ruiz Tarifa Teixeira, 36, moradora da Vila Guiomar, também se vira como pode para ter água em casa. “Lavo roupa de domingo ou de madrugada e banho é só uma vez por dia. Também seguramos a descarga o quanto podemos.”

Aracelis contou que quando o líquido retorna, precisa chamar um profissional para tirar o ar do encanamento. “Neste mês chamei o encanador duas vezes e gastei R$ 425. Em outubro, foram quatro vezes.”

A pedagoga ainda comprou galões de água. “No mês passado foram nove, com custo de R$ 189.” Além de tudo isto, ela afirmou que não lava a garagem desde o Carnaval e que foi necessário colocar papel de parede na casa. “Tudo em nome da economia.”

Por meio de nota, o Semasa informou que o booster do Jardim Primavera está ajustado para funcionar das 3h ao meio-dia, mas é necessário que haja água disponível o que, devido à crise hídrica, nem sempre ocorre. Já a Vila Guiomar também sofre com a inconstância no abastecimento pelo mesmo motivo.