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Prefeitura não se posiciona sobre invasão
Vanessa Fajardo
Do Diário do Grande ABC
11/11/2008 | 07:04
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A Prefeitura de Mauá confirmou ontem que parte do terreno invadido pelo MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), no Jardim Paranavaí, na noite de sexta-feira é propriedade municipal. Mesmo assim, em nota, disse que "nenhuma providência foi tomada e espera um contato da liderança do movimento para negociar".

Questionada se manteria a invasão ou se tentaria a reintegração, a Prefeitura também não se posicionou.

A administração não soube informar a quem pertence a outra porção do imóvel. O movimento havia informado que Petrobras e o Estado seriam donos da área, o que foi negado.

A invasão reúne 123 famílias - a maioria participou da ocupação no Jardim Olinda, também em Mauá, no fim de março. A líder do MTST, Daniela Damasceno, 24 anos, disse que a ação ocorreu porque a Prefeitura teria descumprido o acordo proposto na época. "Eles se comprometeram a desapropriar uma área junto com a CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo) para a construção de casas populares. O primeiro terreno foi reprovado, depois nada foi feito. Entrou o processo eleitoral e a campanha se tornou algo mais importante." Daniela garante que os manifestantes só deixarão a área após um "retorno concreto" da Prefeitura.

Até que isso aconteça, os sem-teto ficarão acampados na área da Rua Andirá em barracas cobertas por lonas. Foi improvisada cozinha coletiva e fossa. Água vem de uma bica natural próxima do terreno. A Polícia Militar faz patrulha no local.

Ontem por volta das 15h, Luciana Bispo, 30, cozinhava o macarrão para o almoço. Todos se revezam na cozinha, muitos dos alimentos são doações de simpatizantes da causa. "Temos de nos unir já que estamos na mesma luta."

Mãe de cinco filhos, Maria das Dores, 38, também está no acampamento. As crianças foram abrigadas por parentes. "É muito difícil ficar longe deles, mas estou aqui para brigar por um teto para reuni-los de novo." Desde que deixou a invasão no Jardim Olinda, Maria passou a morar com familiares. "Aqui me sinto mais acolhida e encontrei solidariedade." Ela trabalha como revendedora de cosméticos e diz não poder pagar um aluguel.

Daniel Silva de Souza, 21, e a mulher também estão na invasão. Desempregado, Souza faz críticas à política habitacional de Mauá. "Um terreno deste tamanho não cumpria nenhuma função social. Era usado para desova e consumo de drogas."

Procurado, o prefeito eleito Oswaldo Dias (PT) disse que não vai se pronunciar sobre o assunto. "Quem está no governo tem de dar solução até o dia 1º (de janeiro)."




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