Mesmo com 24 anos de carreira e uma galeria de personagens distintos (garota de praia, caipira, prostituta, veterinária, compositora), Gabriela Duarte ficou marcada pela chatinha Maria Eduarda de Por Amor (1997).

A filha de Helena, vivida pela mãe da atriz, Regina Duarte, mexeu tanto com o público que ganhou uma página na internet que pedia que o autor Manoel Carlos matasse a personagem. Dez anos depois e recém-saída da licença-maternidade, a atriz, 33, cavou um espaço importante em Sete Pecados como a idealista diretora de escola Miriam, papel oferecido pelo autor da novela, Walcyr Carrasco.

“Estou vivendo um momento muito interessante. A Miriam luta contra um sistema de ensino desvalorizado e está, aos pouquinhos, conseguindo transformações dos professores e alunos”, diz Gabriela.

Segundo a atriz, as pessoas a abordam para elogiar a iniciativa de falar sobre educação. “Outro dia, em um restaurante, o maître disse o quanto é importante o papel que estou fazendo. Puxa, isso é demais, é repercussão genuína do público”.

Nos próximos capítulos, o drama da diretora será maior: além dos conflitos na escola. ela deve perder o namorado Vicente (Marcello Novaes) para a irmã da falecida mulher dele, Simone (Samara Felippo). “Eles vão se separar, isso faz parte do folhetim. Mas o destino deles já está traçado: vão ficar juntos”, conta.

Mas não é por incorporar um personagem que provoca mais empatia no telespectador que ela renega suas sofredoras. Maria Eduarda, inclusive, figura na galeria dos papéis mais significativos, que tem ainda Chiquinha Gonzaga, papel que dividiu com a mãe na minissérie homônima, e a prostituta francesa Justine, de Esperança (2002). “Tenho muito carinho por elas, foram gostosas de fazer”, recorda.

Foi em Esperança, inclusive, que Gabriela conheceu Carrasco, que assumiu a novela nos últimos três meses, depois que Benedito Ruy Barbosa adoeceu. “Esse período foi maravilhoso, inclusive para a Justine”, afirma.

Quando surgiu o convite para voltar às telinhas – o último papel havia sido a apática Simone em América (2005) –, a filha Manuela, hoje com um aninho, tinha apenas nove meses. “Fui seduzida pelo papel e estou muito satisfeita com o texto do Walcyr. No momento em que estava, tinha que valer muito a pena voltar à TV”, diz.

Apesar da paixão pelo personagem, a maternidade guia grande parte do discurso de Gabriela. Casada com o pai de Manuela, o fotógrafo Jairo Goldflus, ela, que mora em São Paulo, montou uma segunda casa no Rio para manter a filha por perto enquanto a novela está no ar.

A rotina pesada de gravações faz com que a mamãe se desdobre para ficar perto da menina. “A natureza é mesmo muito sábia. Sempre fui uma pessoa que gostava de dormir muito e acordar tarde. Minha carga horária é difícil, gravo de segunda a sábado, mas ainda assim me levanto às 6h30 e fico super bem durante o dia”, conta.

No dia em que a atriz conversava com a reportagem pelo telefone, Manuela bateu o pezinho em um móvel e Gabriela correu para socorrer a filha. Na volta, pediu desculpas. “Eu tenho de segurar meu lado superprotetor. Mas acho que minha pedagogia está em dia. Quero criar uma pessoa saudável”, conta.

Depois do fim das gravações de Sete Pecados, Gabriela quer dar outra pausa. “Acho importante não emendar trabalhos. É muito desgastante e eu não teria esse repertório. Preciso viver para encontrar outros personagens”, afirma.