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Sto.André vira 'capital do bingo' em SP
William Cardoso
Do Diário do Grande ABC
05/12/2008 | 07:00
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Com a escassez de estabelecimentos em atividade nas cidades vizinhas, Santo André se tornou a ‘capital do bingo' na região metropolitana de São Paulo. Os quatro salões em funcionamento no município chegam a receber mais de 1.500 jogadores, simultaneamente, durante uma tarde de um dia útil. Cerca de 30% dos apostadores são da Capital ou do Interior, segundo os administradores.

O fechamento dos bingos nas demais cidades transforma Santo André em alvo de quem pretende gastar, em média, até R$ 30 durante duas horas tentando a sorte nas bolinhas. A maioria é formada por idosos que buscam diversão e convivência social. No Grande ABC, só há mais um bingo em funcionamento, em São Bernardo.

A atratividade dos bingos de Santo André tem até facilidades para que as pessoas cheguem à cidade. No Bingo Glicério, a reportagem encontrou um grupo de idosos que aguardava a chegada de uma van. Eles moram em São Paulo e utilizam um sistema de transporte locado entre a estação de Metrô Praça da Árvore e o estabelecimento no Centro de Santo André. O motorista transporta, em média, 50 pessoas por dia, ao custo de R$ 3 cada viagem, a partir das 11h. "Agora, a gente vem para cá. Não tem lugar para jogar na Capital", disse uma senhora elegantemente vestida, de 80 anos, que não se identificou.

Em Utinga, uma extensão do Bingo Carlos Gomes chegou a receber moradores de Sorocaba, no Interior. "Essas pessoas aparecem para jogar e passam o dia todo nas mesas", disse um ex-funcionário.

Os defensores da atividade apontam que os quatro bingos geram pouco mais de 500 empregos diretos. A transformação de Santo André em atração para os ‘bingueiros' é vista com naturalidade pelo secretário de Desenvolvimento Urbano e Habitação de Santo André, Nelson Ota. "Podemos até encaminhar o tema ao Gabinete de Gestão Integrada, mas não é o caso de sairmos fechando os bingos, protegidos por liminar."

Jogar nos bingos, porém, muitas vezes, sai caro. A babá Maria, 51 anos, ganha em torno de R$ 300 mensais. Anteontem à tarde, ela já havia desembolsado R$ 100 no Bingo Estação. "Mas não tem problema, porque outro dia ganhei R$ 1.200", tentou explicar. Às 16h o salão estava lotado com pessoas anotando os números em pranchetas, por falta de mesas.

Uma atmosfera de curiosidade toma conta de quem escuta a história do aposentado João (nome fictício) e seus R$ 700 perdidos em dez horas ininterruptas de jogo. Aparentando cerca de 60 anos, ele afirma que tentou a sorte nas máquinas que promovem jogos simultâneos. "Foi a última vez em que entrei para valer. Hoje, vim rever os conhecidos", afirmou enquanto tomava um café no Bingo Carlos Gomes.




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