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Incêndio na Petroquímica fere 6

De acordo com a Defesa Civil de Mauá, incidente ocorreu após o rompimento de tubulação; área passava por manutenção preventiva

Daniel Macário
Vanessa de Oliveira
15/10/2015 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


O rompimento de uma tubulação em uma das áreas de produção de petroquímicos básicos provocou, na tarde de ontem, por volta das 16h30, incêndio na unidade industrial da Braskem, localizada no Polo Petroquímico de Capuava, em Mauá. O acidente deixou seis pessoas que trabalhavam próximas ao local com ferimentos leves. Cinco delas receberam na própria empresa atendimento médico do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) e, posteriormente, foram liberadas. A sexta foi encaminhada a um hospital local para realizar exames complementares.

Ao todo, 12 viaturas do Corpo de Bombeiros e equipes da GCM (Guarda Civil Municipal) e PM (Polícia Militar) foram encaminhadas ao local para atender a ocorrência. O incêndio foi controlado por volta das 18h.

Segundo o presidente do Sindicato dos Químicos do ABC, Raimundo Suzart, os seis feridos no incidente são funcionários de empresa terceirizada que realizava manutenção preventiva em duas caldeiras, onde teria acontecido o incêndio. “Eles já haviam lidado, anteriormente, com esse tipo de serviço.” De acordo com o representante do sindicato, “os funcionários usavam equipamento de segurança no momento do incidente.”

Em decorrência do incêndio, ruas ao redor da unidade foram interditadas tanto do lado de Santo André quanto de Mauá. O trânsito foi liberado no início da noite.

Conforme a Braskem, todos os procedimentos de segurança foram adotados para que o foco do incêndio fosse controlado. A empresa ainda ressaltou que “a unidade foi preventivamente paralisada, de modo a garantir a integridade e a segurança de nossos funcionários e da comunidade local.” Não foi informado quando a operação será normalizada.

Moradores vizinhos à área ficaram assustados. “Ouvimos um barulho muito alto. Depois, visualizamos fumaça gigantesca, que rapidamente se dissipou e deixou no ar um cheiro muito forte de plástico queimado”, relatou o representante comercial Rodrigo Domingues, 35 anos, que mora a três quilômetros de distância da empresa. O motorista executivo Carlos Rabelo, 39, foi outro que presenciou o incidente. “Estava fazendo uma visita a amigos que moram no bairro Capuava quando ouvimos estouros e, logo após, as labaredas altas.”

De acordo com a Braskem, o incidente não ofereceu riscos à saúde da população ou impactos ao meio ambiente. Tampouco houve necessidade de evacuação da comunidade do entorno.

Além disso, a empresa esclareceu, em nota, “que as causas do incidente ainda estão sendo avaliadas e, assim que disponíveis, serão divulgadas.”

 

Especialista aponta risco de exposição a cancerígenos

De acordo com a professora adjunta da UFABC (Universidade Federal do ABC) Claudia Boian, que atua na área de poluição atmosférica e engenharia ambiental urbana, o incêndio ocorrido na unidade industrial da Braskem, localizada no Polo Petroquímico de Capuava, em Mauá, pode ter colocado moradores do entorno em risco por conta da exposição a substâncias cancerígenas.

“O que é mais preocupante quando ocorre esse tipo de incidente é a exposição do famoso BTEX. A sigla é o nome dado ao grupo de compostos formado pelos hidrocarbonetos: benzeno, tolueno, etilbenzeno e xileno. São compostos cancerígenos, que, com o tempo, podem causar impactos no organismo de quem teve contato com eles”, relata a especialista.

Para Claudia, os ventos registrados no momento da ocorrência podem ter colaborado para minimizar as consequências. Entretanto, ela ressaltou que vizinhos podem sentir nos próximos dias irritação nos olhos ou problemas respiratórios.

Segundo moradores da região, desde o início da semana já era possível sentir forte cheiro de gás e barulho intenso das chamas emitidas pelo flare (mecanismo de queima de gases utilizado pelas indústrias químicas, petroquímicas e refinarias).

Para o presidente do Sindicato dos Químicos do ABC, Raimundo Suzart, o odor sentido ontem aconteceu em virtude do desligamento imediato da planta responsável pelas atividades da unidade. “Como os trabalhos foram paralisados de forma ágil, o flare acabou liberando com intensidade os produtos químicos. Já o barulho dos últimos dias pode ter ocorrido justamente pela atividade mais intensa da planta”, destacou.

 

Moradores relatam medo de viver próximo ao Polo

Quem mora nas proximidades do Polo Petroquímico relata viver o constante medo de acidentes como o que ocorreu na tarde de ontem ou ainda maiores. “Moro aqui em frente desde que nasci. O receio de uma grande explosão é de arrepiar a alma”, fala a auxiliar de produção Alessandra Alves, 37 anos.

Ela estava na sacada de casa, alimentando seu cão de estimação, quando viu o incidente. “Fiquei paralisada. Quando finalmente consegui reagir, me ajoelhei e pedi a Deus que nada de grave tivesse acontecido com nenhum funcionário da fábrica e que Ele ajudasse os bombeiros a apagar o fogo.”

O armador Marcos Junior da Silva, 29, mora a 800 metros da Braskem e sempre se assusta quando ouve barulhos. “De vez em quando ouço alguns estrondos, mas aí vejo que está tudo normal e me tranquilizo. Hoje (ontem) pensei que fosse mais um barulho desses, mas logo vi as chamas”, conta.

Um funcionário da Refinaria de Capuava, que preferiu não se identificar, não só trabalha vizinho à Braskem como também reside muito próximo. Mas ele garante não sentir o medo que os outros moradores dizem ter. “O sistema de segurança dessas empresas é eficiente. Mas fatalidades acontecem em qualquer lugar, ninguém está a salvo.”




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