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Pagou, levou, dançou

Agora é o ministro do Trabalho, Carlos Luppi - aquele que, se cair e os jornais não noticiarem, ninguém vai

Por Carlos Brickmann
09/11/2011 | 00:00
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Agora é o ministro do Trabalho, Carlos Luppi - aquele que, se cair e os jornais não noticiarem, ninguém vai notar. E por que ele está lá?

Pelo mesmo motivo que, de repente, o PCdoB virou um celeiro de especialistas em Esporte. Aquele pessoal que lia Mao Tsé-tung, citava o dirigente albanês Enver Hoxha e achava que o esporte era uma perda de tempo agora só pensa em bola rolando. Pelo mesmo motivo, também, que temos um Ministério da Pesca, ocupado por gente que não sabe a diferença entre uma minhoca e um barco.

Na raiz de tudo há uma distorção: boa parte dos políticos desistiu de fazer política. Hoje, seu ramo é a venda de apoio (que pessoas mais objetivas do que este colunista chamariam de chantagem): ou o Governo paga em cargos ou, quando precisar de algo no Congresso, terá de suar sangue e fazer jorrar benesses. Agora, por exemplo, o Governo precisa renovar a DRU, Desvinculação das Receitas da União, sem a qual o orçamento não fecha. Por isso tem de tratar o PCdoB com toda a delicadeza, por isso tem de cuidar do PDT de Carlos Luppi com carinho, tem de criar ministérios que só servem para dar emprego e recursos a partidos. Pois há outras ameaças no ar para o equilíbrio orçamentário: a PEC 300, que unifica em todo o país o salário dos policiais (o que é justíssimo, mas que não tem verba prevista); outro Projeto de Emenda Constitucional, a PEC 29, que destina uma porcentagem fixa do orçamento para saúde. O Governo tem de pagar.

Quando a imprensa pega, o alvo dança. Mas, até lá, leva o que lhe é pago.

Saiu na imprensa

Lauro Jardim, bem-informado colunista de Veja, noticiou que a nomeação de Fábio Rios para a Secretaria Nacional de Turismo, exigida pelo PMDB, tinha encalhado na Casa Civil por 18 dias, por ordem de Dilma. Mas desempacou.

Diz Lauro Jardim, citando um interlocutor palaciano: "A DRU move montanhas".

Frase nova

Carlos Luppi, o ministro do Trabalho que enfrenta problemas, repete a frase famosa de Zagalo: "Vão ter de me engolir".

Luppi não sabe, mas vão engoli-lo.

Frase antiga

Do deputado pedetista Carlos Luppi, em 2006: "O PDT é um partido limpo, sem Mensalão ou sanguessuga, e ficou fora de escândalos". Todos pensaram que era um elogio ao seu partido.

Imagine! Era apenas uma reclamação.

Prevendo o passado

O repórter-cinegrafista Gelson Domingos, da Rede Bandeirantes, morreu quando filmava a invasão pela Polícia da favela de Antares, Rio, atingido por um tiro de fuzil que perfurou seu colete blindado. E era o colete mais forte cujo uso é permitido no país: os coletes que resistem a tiros de fuzil, de Kevlar e cerâmica, são proibidos por lei (ainda do tempo da ditadura militar).

Talvez Gelson Domingos morresse do mesmo jeito, já que nem sempre a blindagem segura o tiro; mas, se o colete mais resistente pudesse ser usado, suas chances de sobrevivência seriam maiores. E por que não usar também um capacete nesses casos?

A lei, ora...

Um leitor desta coluna foi testemunha: neste domingo, 6 de novembro, um carro com as placas 069 da Assembleia Legislativa de São Paulo veio costurando o trânsito, em alta velocidade. O leitor estava a 120km/h, limite máximo permitido; o carro oficial o ultrapassou (estava, portanto, acima do limite), fechando-o em seguida, e logo depois desapareceu.

Quem usa o carro 069 da Assembleia? O leitor mandou e-mail com esta pergunta ao endereço faleconosco@al.sp.gov.br. Resposta: "Acusamos o recebimento de sua pergunta sobre Outros (Especifique). Em breve, você receberá a resposta".

Até agora, nada. Alô, deputado Barros Munhoz, presidente da Assembleia: quem é o maluco do volante?

...a lei

Só em São Paulo? Não: otoridade é otoridade em todo o país. Em Brasília, mostra a coluna de Cláudio Humberto (www.claudiohumberto.com.br), o carro oficial do ministro dos Transportes, Paulo Passos, estacionou em lugar proibido, em fila dupla, bloqueando a saída das vagas de deficiente físico e de idoso. Data: segunda-feira, 7, às 14h45. Local: comercial da SMDB 12 do Lago Sul. Há fotos, claro.

E este é o ministro dos Transportes, que deveria dar o exemplo.

Boa notícia

E, já que logo acima tratamos do uso de carro oficial da Assembleia paulista, mais uma notícia da honorável Casa de Leis: a Justiça determinou que, em 30 dias, a Assembleia libere a lista de seus funcionários, sob pena de multa diária de R$ 1.000,00. Não que isso importe muito a Suas Excelências, já que o dinheiro da multa não é deles; mas a coisa pode se agravar. O Supremo Tribunal Federal já rejeitou recurso da Assembléia contra a obrigação de divulgar a lista.

E por que tanta resistência a algo tão simples? Sejamos lógicos: se escondem, apesar das pressões da imprensa e da Justiça, é porque acham que precisam esconder.

Olha o tanque

Os petroleiros da Petrobras decidiram entrar em greve dia 16, por tempo indeterminado. Em princípio, o abastecimento de combustíveis não deve ser atingido.




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