Setecidades Titulo Habitação
Sto.André abandona
as moradias do PAC

Construção de 176 unidades habitacionais está parada desde
fevereiro; ainda não há previsão para o reinício dos trabalhos

Cadu Proieti
Do Diário do Grande ABC
24/05/2012 | 07:00
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As obras para a construção de 176 unidades habitacionais no Conjunto Procópio Ferreira, Jardim Ipanema, em Santo André, estão paralisadas há cerca de quatros meses. Os trabalhos foram iniciados em abril de 2010 e a previsão inicial de finalização era junho do ano passado. O empreendimento está sendo financiado pelo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).

A previsão de investimento é de aproximadamente R$ 10 milhões; metade da verba é do governo federal e o restante entra como contrapartida municipal. Estão sendo erguidos oito edifícios. Os apartamentos irão contemplar moradores dos núcleos Gamboa e Capuava Unida.

A Prefeitura informou que o contrato com a empresa Edivia Edificações e Incorporações, responsável pela obra, foi rescindido unilateralmente em fevereiro. O município justificou a decisão pelo baixo rendimento das atividades de execução das obras e descumprimento dos prazos contratuais.

Ainda não há previsão para reinício dos trabalhos. De acordo com a adminitração municipal, o cronograma para execução do restante da obra está em elaboração. Os novos termos e datas constarão no processo de licitação para contratação de outra empresa. Porém, o certame ainda não foi aberto. A vencedora terá de realizar os 60% restantes do projeto.

Enquanto não há definição sobre a retomada das obras, os moradores do entorno reclamam do abandono da área. "Já faz um bom tempo que largaram e não voltaram mais. Está juntando lixo, entulho e bichos. Não vem ninguém aqui cuidar do terreno. A sorte é que tem vigilante. Se não, já teriam invadido", relatou a professora Leonor Guedes, 57 anos.

Porém, a vizinha do espaço afirma que a segurança do local só é encontrada durante o dia. "A gente tem medo. Na semana passada, entraram na casa da minha vizinha pelo terreno dos prédios. É um tormento, porque virou esconderijo para bandidos. Durante a noite, não fica ninguém", disse. A Prefeitura negou e informou que há vigia no local por 24 horas.

OUTRAS UNIDADES
A Prefeitura pretende entregar 806 unidades habitacionais até julho. A intenção é inaugurar as 84 moradias do Conjunto Habitacional Itatiaia, 150 do Jorge Bereta, 157 do Alzira Franco 2 e 3, 63 do Sacadura Cabral.
Também serão disponibilizadas 352 unidades através do programa Minha Casa, Minha Vida (leia reportagem abaixo).

Até o momento, o governo Aidan Ravin (PTB) entregou à população 924 unidades habitacionais, sendo 120 no Conjunto Jardim das Maravilhas, 204 no Alzira Franco 2 e 600 no Betânia. Outras 3.639 estão em fase de construção e contratação, mas a administração não informou a a previsão de término.

Famílias aguardam em situação precária 

A Caixa Econômica Federal prometeu entregar as 352 unidades habitacionais dos conjuntos Juquiá e Londrina, na Vila Linda, em Santo André, ainda neste mês. As moradias serão as primeiras da região dentro do programa Minha Casa, Minha Vida, do governo federal, que irá atender famílias que recebem até três salários-mínimos. Porém, até o momento, não foi divulgada a data de inauguração dos imóveis.

A previsão inicial de entrega era novembro. Após sete meses de atraso, os moradores dos núcleos Homero Thon e Jardim Irene, que serão contemplados com os apartamentos, esperam ansiosos pelo recebimento da chave.

"Fiquei sabendo deste último prazo. Estou muito ansiosa. Quanto toca o telefone, vou correndo atender pensando que é alguém da Caixa falando que o apartamento está pronto", disse a dona de casa Eliane de Jesus dos Santos, 32 anos, que há 27 vive à beira do Córrego Cassaquera, na Vila Homero Thon.

Eliane relatou que as condições de vida na atual moradia são precárias. Ela convive com ratos, sujeira, mau cheiro e usuários de droga em frente de casa. "Não vejo a hora de mudar para a casa nova, em lugar mais organizado para poder criar meus três filhos. O sonho de todo mundo é ter moradia digna", disse.

A situação no Jardim Irene é semelhante. Os moradores são obrigados a conviver à beira do córrego sujo. "O cheiro aqui é insuportável. Jogam bastante lixo dentro do rio e a sujeira vem toda para nossa porta. Sempre tem rato correndo por aqui", relatou a dona de casa Ieda Marcolino, 35.

O atraso na entrega dos apartamentos fez com que alguns munícipes passassem a duvidar do benefício que estão prestes a receber. "Sempre falaram que iam tirar a gente daqui. Passaria uma avenida onde estão as casas. Mas estamos aqui até hoje. Acho que é só promessa política", disse Maria de Lourdes Chagas Adriano, 57.

No entanto, há quem mantenha a esperança. "A gente sonha com isso. Se existe o projeto, as moradias têm de ficar prontas. É preciso esperar, mas tem hora que cansa", afirmou Marisa do Prado Santana, 52.




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