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Bispo afirma que Consórcio é solução e precisa ser preservado

Dom Pedro defende que sete cidades devem trabalhar em união e desenvolver políticas estratégicas

Por Bia Moço
Do Diário do Grande ABC
25/12/2020 | 00:01
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Claudinei Plaza/DGABC


Perto da posse dos prefeitos eleitos e reeleitos do Grande ABC – que ocorre no dia 1º de janeiro de 2021 –, o bispo da Diocese de Santo André, que responde pela região, dom Pedro Carlos Cipollini, afirmou que o Consórcio Intermunicipal do Grande ABC é a solução para “gerir bem” as sete cidades e tem de ser preservado, além de defender que o trabalho dos governos deve ser baseado em políticas públicas unificadas.

Segundo o líder religioso, os municípios têm nas mãos um equipamento “valioso”, e que considera sua implementação – que celebrou 30 anos no último dia 19 – um avanço para a região. “O futuro das sete cidades é agir com políticas públicas, e não de forma separada, mas juntas. Temos todos os municípios interligados”, defendeu dom Pedro, afirmando que “a solução é por esse Consórcio”. “Já que existe esse organismo, e que foi, graças a Deus, preservado até hoje, é preciso valorizar, implementar e gerir bem esse instrumento”, garantiu.

Vale lembrar que a entidade esteve com o futuro ameaçado durante a gestão do prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB), em 2017 e 2018. Isso porque Diadema deixou o Consórcio e São Caetano e Rio Grande da Serra aprovaram projetos para se desfiliarem, mas ficaram em período de quarentena, conforme rege o estatuto do colegiado. Depois, decidiram permanecer.

Diante do fato de os municípios terem muitos problemas em comum, como é o caso da destinação de lixo – principal motivo que levou à criação do Consórcio –, o religioso acredita que governar em união seria a forma estratégica de melhorar o desempenho do Grande ABC em todos os setores. “Minha sugestão, como cidadão, é que façam (os prefeitos) boas políticas públicas. Não se resolverão os problemas com medidas pontuais e emergenciais, mas com políticas públicas planejadas, pensadas e executadas. Isso é um fato que não se pode negar.”

O bispo parabenizou os políticos que venceram as eleições nas sete cidades, reiterando que a decisão da população reflete aprovação dos projetos dos prefeitos reeleitos, Paulo Serra, em Santo André (escolhido também para gerir o Consórcio em 2021), Orlando Morando, em São Bernardo, e José Auricchio Júnior, em São Caetano, todos do PSDB, e dos novos líderes de Diadema e Mauá, José de Filippi Júnior e Marcelo Oliveira, respectivamente, ambos do PT.

PANDEMIA

Em entrevista ao Diário, o bispo diocesano criticou ainda a briga política em torno da vacina contra a Covid, afirmando que a polarização “tomou conta da sociedade”. “Essa politização da vacina é fruto de uma realidade que se instalou no Brasil, que foi a polarização política. Dividiu eles e nós. E não tem eles e nós, somos todos brasileiros.”

Para dom Pedro, o debate faz parte da “ignorância”, que deveria ser superada com um “sistema educacional digno.”. “Esse negacionismo ao momento que estamos vivendo não é bom. A autoridade tem a ciência como grande avanço e não podemos jogar fora. A fé sem razão é fanatismo, mas a razão sem fé é loucura”, disse.

“O não cumprimento das medidas sanitárias também é reflexo da falta de educação, e que não é culpa da população. A Constituição prevê que o governo dê boa formação a todos”, refletiu o bispo.


‘Realidade ensina a valorizar o encontro’


O bispo diocesano dom Pedro Carlos Cipollini refletiu que o Natal de hoje será marcado pelo que chamou de “luto, medo e apreensão”, mas defende que os encontros não sejam impedidos pela distância física.

“De fato, este ano é um Natal diferente, em que vivenciamos em meio a essa pandemia. Porém, é momento de perceber a falta que faz o encontro com os outros. Essa realidade nos ensina a valorizar o encontro, e a família, nesse contexto, é importantíssima”, disse o líder religioso.

Segundo dom Pedro, as reuniões virtuais auxiliam na sensação de proximidade entre as pessoas, o que permite, ainda, que a celebração seja em conjunto, mesmo que não fisicamente. Além disso, o religioso defende que a necessidade de se manter longe das pessoas aproxima aqueles que vivem juntos. “Podemos valorizar, nesta data, circunstâncias que nos foram dadas para pensar, e repensar. Será diferente, mas não deixa de ser um Natal onde está presente o encontro”, acalentou o bispo.

Para 2021, dom Pedro reforça que duas palavras serão importantes: coragem e perseverança. “O que terá de mudar depois dessa pandemia é o sistema econômico. Nós devemos ter outra visão econômica, não essa de uma economia baseada no lucro pelo lucro, no acúmulo, na exploração da natureza e das pessoas. Mas uma economia solidária”, disse o religioso, explicando que 2020 foi ano de aprendizado e reflexão. “Em 2020 estamos aprendendo e reaprendendo a processar realidades, ver a vida de forma diferente, ouvir e articular um novo modo de existência. E em 2021 esperamos esse novo mundo, esperamos do novo ano um mundo mais solidário”, finalizou o bispo dom Pedro.




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