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Polícia abre inquérito para apurar denúncia de irmãos contra PMs
Rodrigo Cipriano
Do Diário do Grande ABC
24/05/2005 | 07:47
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O comando da Polícia Militar do Grande ABC abriu inquérito para apurar conduta dos sete policiais militares de São Caetano acusados de espancar dois irmãos universitários. O incidente ocorreu no sábado à noite, em frente de um bar na avenida Goiás. As duas vítimas são Rodrigo e Thiago Pinto Ramacciotti, de 21 e 19 anos respectivamente. Além das agressões físicas, os dois acusam os policiais de roubo.

Thiago estava em um bar na avenida Goiás, região central da cidade, à espera de Rodrigo. Ele conta que quando o irmão chegou, os policiais estavam na porta do estabelecimento. Os PMs tinham sido chamados para conter uma briga dentro do bar. Rodrigo foi parado na porta e o irmão, ao ver a confusão, foi para fora do local. Neste momento, os irmãos dizem ter sido algemados e sofrido as primeiras agressões dos policiais, ainda na calçada da avenida Goiás, em frente ao bar.

Em seguida, teriam sido obrigados a entrar nas viaturas dos PMs, em camburões separados. Os dois afirmam que os policiais rodaram pela cidade por quase uma hora. Em meio à confusão, Thiago conseguiu ligar de seu celular para o pai, o perito da Polícia Civil Hélio Ramacciotti. Assustado com o que poderia acontecer aos filhos, Hélio afirma ter ligado para o Copom (Centro de Operações da Polícia Militar).

Uma ordem foi dada para que todas as viaturas tentassem encontrar os dois irmãos. Os policiais que estavam com Thiago e Rodrigo teriam parado a viatura, apontado uma arma para eles e perguntado quem era o pai deles. Em seguida, seguiram todos para o 1º DP de São Caetano, onde a delegada de plantão Lucy Fernandes classificou os irmãos como infratores, acusando-os por desacato.

Enquanto o BO era lavrado, o carro de Rodrigo, um Uno, sumiu. Testemunhas dizem ter visto um homem fardado levar o veículo, que foi encontrado horas depois. O dinheiro e um telefone celular que estavam no carro não foram encontrados mais ali. Um oficial do CPA-M6 (Comando de Policiamento de Área Metropolitano 6) - nível máximo de comando da PM na região - ficará à frente do inquérito para apurar a conduta dos sete PMs no caso.

Alguns já foram ouvidos. A corporação, no entanto, não se pronunciará sobre o incidente antes da conclusão do inquérito. A investigação deve durar 40 dias. "O período pode ser prorrogado ou antecipado. Depende da gravidade do caso", diz o major Jorge Luis Alves, responsável pelo departamento de comunicação da PM. Os policiais envolvidos na ocorrência ainda permanecem nas ruas. O afastamento pode se dar no decorrer do inquérito.

Caso se comprovem as acusações, os PMs podem ser expulsos da corporação ou mesmo presos. A investigação interna da PM do Grande ABC será acompanhada de perto pela corregedoria da corporação e pela Ouvidoria das Polícias, garantem os responsáveis. No 1º DP de São Caetano, também foi aberto um inquérito para apurar o fato, segundo o delegado seccional Marco Antonio de Paula Santos, responsável pela Polícia Civil de São Caetano.

O perito criminal Hélio Ramacciotti, pai dos dois rapazes que teriam sido agredidos pela Polícia Militar, disse à reportagem que não foi procurado por nenhuma autoridade envolvida na apuração dos fatos até o início da noite de nesta segunda-feira. "Meus filhos estão tentando retomar a vida deles. Mas está difícil. Eles têm que tomar cuidado. Esses PMs podem querer se vingar", afirma Ramacciotti.




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